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Governo cede e reduz poder do PT
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pelos partidos que
compõem a base de sustentação
do Palácio do Planalto no Congresso, a liderança do governo na
Câmara dos Deputados fechou
ontem um acordo para anular a
avaliação de que o PT seria supervalorizado na tramitação da reforma da Previdência.
Agora, qualquer emenda ao texto que contar com a simpatia do
governo será assumida e elaborada por todos os dez partidos da
base aliada.
A decisão decorre da avaliação
de que seria dada ao PT a exclusividade de apresentar as propostas
de alteração à reforma que possam contar com o aval do Planalto, ou seja, as com maior chance
de êxito. PMDB, PTB e PPS, entre
outros, ameaçaram uma revolta.
"O padrinho das modificações
tem que ser a base do governo,
não o partido A ou o B. Fizemos
um acordo para que ninguém seja
dono isolado de mudanças que o
governo possa encampar", afirmou o deputado Eunício Oliveira
(CE), líder da bancada peemedebista na Casa.
O acordo aconteceu numa reunião ontem entre o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do
governo na Câmara, e os demais
líderes dos partidos da base aliada. Aldo negou a existência de reclamações contra o PT, mas afirmou ter ficado decidido que "a
base do governo vai buscar uma
posição comum em todos os pontos que sejam discutidos na comissão [que analisa a reforma]".
Apesar da negativa do líder do
governo, vários dos demais presentes à reunião, além de Eunício,
confirmaram que a insatisfação
com o suposto beneficiamento do
PT foi o tema central da reunião.
Entre eles, estava o líder da bancada petista, Nelson Pellegrino
(BA), que procurou afastar a possibilidade de tratamento diferenciado: "Se houver uma concessão
do governo, tem que ser via base.
O PT nunca se arrogou ser dono
de emenda ou da reforma".
O fato é que líderes dos partidos
governistas têm concluído que estão defendendo uma proposta
impopular para importantes segmentos da sociedade. Seria tremendamente injusto, na avaliação deles, que na hora de aprovar
modificações que, em tese, representariam uma alívio no desgaste,
o PT fosse o único a ser agraciado.
O governo vem dando sinais de
que pode acatar alterações que
não mexam na "espinha dorsal"
da proposta. A reforma da Previdência chegou à Câmara no final
de abril e foi aprovada na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) no último dia 5. A comissão
especial que analisará o mérito da
proposta foi instalada anteontem.
Contrários
A Folha apurou que outros três
pontos foram discutidos na reunião, todos ligados à avaliação de
que setores da base estariam "rendendo" abaixo do esperado.
O primeiro tema resultou na decisão de que os líderes terão que
assegurar que todos os aliados votem com o governo na comissão
especial. O recado foi dirigido a
PTB, PDT e PC do B, que indicaram para a comissão integrantes
declaradamente contrários à proposta do governo. O PT não havia
indicado os membros da comissão até o final da tarde de ontem.
O segundo ponto foi a necessidade de os governadores -os
principais avalistas da proposta- atuarem de forma mais decisiva no convencimento de suas
bancadas.
Por fim, os governistas concluíram que os deputados da base que
compõem as comissões permanentes da Casa precisam ter mais
atenção, já que decisões contrárias ao governo estariam sendo
aprovadas mesmo a oposição
sendo minoria em todas elas.
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