São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Zeca do PT liberou caça-níqueis de Servo em MS

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE

O governo de Zeca do PT (1999 a 2006) permitiu a entrada em Mato Grosso do Sul de caça-níqueis ilegais do empresário Nilton Cezar Servo, a partir de 2004. Essa "denúncia" de Jamil Name, então operador exclusivo no negócio, é embrião da Operação Xeque-Mate, desencadeada pela Polícia Federal na semana passada.
Name, que havia sido dono de um contrato com o governo de Mato Grosso do Sul para explorar com exclusividade vídeo-loterias, reclamou em março de 2006 ao Ministério Público Federal que o governo permitiu a entrada de máquinas de "empresários de outros Estados com o beneplácito de autoridades constituídas".
A reclamação chegou à Polícia Federal. No dia 31 de março de 2006, o delegado José Otacílio Della-Pace Alves instaurou inquérito para apurar contrabando de componentes eletrônicos de caça-níqueis, "cuja autoria seria atribuída a Servo", identificado como distribuidor das máquinas.
Quatro meses depois, a PF apreendeu 140 caça-níqueis na operação Artemis. Em outra ação, em abril passado, retirou mais 465 de circulação. O trabalho culminou em 85 mandados de prisão, na Operação Xeque-Mate.

Propina
A Jana Promoções, empresa de Name, tinha contrato com a Lotesul (loteria de Mato Grosso do Sul) assinado em novembro de 1998 para operar por oito anos o negócio de caça-níqueis. Zeca do PT baixou um decreto em 2003 regulamentando o jogo.
O Estado cobrava R$ 57 referente a cada uma das 1.250 máquinas de Name. Com uma medida provisória de 2004 de Lula, proibindo jogos, Zeca revogou o decreto. Em agosto de 2004, a Assembléia de Legislativa aprovou lei permitindo a atividade. Zeca não sancionou a lei, que acabou promulgada pela Assembléia.
Mesmo assim, o ex-governador, segundo o site do governo, não regulamentou a lei.
Sem autorização judicial para continuar operando e sem aval do Estado, Name alega que parou com a atividade no fim de 2004, mas assistiu à entrada de Servo no mercado.
Oficiais da PM também começaram a operar. Ex-comandante-geral da PM até 2006, o deputado estadual coronel Ivan de Almeida (PSB) aparece em escuta telefônica, de abril passado, dizendo ser dono de 12 máquinas e reclamando pagamento de R$ 100 mil.
Em outro diálogo, o coronel Ivan diz que os chefes dos cinco grupo controladores de caça-níqueis se reuniram e decidiam pagar R$ 10 mil por mês ao delegado da Polícia Civil Fernando Soares Martins, responsável direto pelas apreensões. (RV E HC)


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