São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

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Comitê de Aécio contesta as críticas de tucanos

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A crítica da coordenação da campanha presidencial de José Serra (PSDB) acerca da abertura do palanque de Aécio Neves para o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, são consideradas despropositadas no comitê do candidato tucano ao governo de Minas.
Isso pelo fato de que, conforme apurou a Agência Folha junto ao comitê, Serra sempre soube dos passos que o presidente da Câmara dos Deputados vinha dando em seu Estado.
As exigências de Aécio para concorrer ao governo, entre elas a de que teria liberdade para compor politicamente em nome da "unidade mineira" e suas implicações foram discutidas com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o próprio candidato do PSDB à Presidência.
O próprio Serra cobrou de Aécio a sua permanência na disputa, após o mineiro ter ameaçado deixá-la, passando a bola para Eduardo Azeredo, o que significaria maiores riscos para Serra pelo fato de o ex-governador ser um ferrenho opositor do governador Itamar Franco (sem partido). Eduardo Azeredo, agora candidato ao Senado, foi um dos que mais discutiu isso com Serra.

Benefício para Serra
Rebatidas à parte, Aécio acredita que Serra é o que mais se beneficia com as suas articulações, enquanto Ciro estaria amarrado pela aliança que o tucano mineiro planejou e executou.
Essa articulação, que já conta com 16 partidos, teve início com a adesão incondicional e dedicada de Itamar. Na ótica de Aécio, se não fosse ele o candidato, Itamar estaria batendo forte no PSDB, achincalhando Azeredo e Serra. E dificilmente o governador teria se reconciliado com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Agora, Itamar é tido como neutro, mesmo tendo dito que apóia o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Na outra ponta está a aliança com os partidos que sustentam Ciro: o PFL, este formalmente, e os da Frente Trabalhista (PTB, PDT e PPS), informalmente.
Ao fechar esses apoios, o PFL cedeu seu tempo de televisão ao PSDB e a Frente Trabalhista perdeu o tempo que teria ao não lançar candidato. Portanto, o palanque eletrônico da aliança "Minas Unida" só poderia pedir votos para um candidato a presidente, que será José Serra.
Apesar disso, Ciro é o que mais tem se destacado na aliança, o que está deixando Serra e sua equipe irritados. Um dos motivos é que, entre os partidos de maior expressão na aliança, que formam o conselho político, os aliados de Ciro atualmente são maioria (PFL, PTB, PDT e PPS); só o PSDB e o PPB apóiam Serra; o PV é neutro.
Isso tem força na campanha de rua, como ocorreu anteontem em Araxá (MG). Só Azeredo pedia votos para Serra, enquanto os demais pediam votos para Ciro, exceto o pefelista Clésio Andrade, vice de Aécio Neves, que não pediu para nenhum presidenciável.


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