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Telemar corta telefone de gabinete de Rosinha
Suspensão foi motivada por dívida de cerca de R$ 16 mi
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DA FOLHA
Em grave crise financeira e
sem dinheiro nem para pagar
dívidas atrasadas da operadora
de telefonia Telemar, o governo
do Estado do Rio foi constrangido ontem com o corte de linhas telefônicas no gabinete da
governadora Rosinha Matheus
(PMDB). As contas são relativas a telefone, internet e transmissão de dados.
A dívida de cerca de R$ 16 milhões deixou os aparelhos mudos ainda boa parte do dia no
gabinete do vice-governador
Luiz Paulo Conde, no Gabinete
Civil, na Secretaria de Justiça,
na Proderj e na Faetec. No total, o Estado deve à Telemar
pouco menos de R$ 50 milhões.
O governo nega ter havido corte no gabinete de Rosinha.
A decisão de cortar as linhas
irritou a cúpula do governo,
que pediu à Telemar uma reunião de emergência, da qual
participaram três secretários
de Estado e a direção da empresa. Após o encontro, o governo
ganhou novos prazos para poder pagar o que deve. Os telefones foram religados depois de
terminada a reunião.
Em nota no fim da tarde, a
Secretaria Estadual de Comunicação Social acusou a Telemar de dever ao Estado do Rio
R$ 637,5 milhões, em multas de
ICMS e em multas aplicadas
por entidades como o Procon-RJ (Programa de Orientação e
Proteção ao Consumidor), a
Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas) e a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente).
A empresa informa que não
reconhece as dívidas e que as
contesta judicialmente.
O governo disse considerar
que a medida "tem caráter nitidamente político-eleitoral".
Funcionários do primeiro escalão classificaram a ação da Telemar de "chantagem". Segundo a nota, as contas deste ano
estão em dia, e a dívida diz respeito a exercícios passados, que
estão "em permanente negociação". O pagamento estaria
previsto para agosto.
Crise
A Folha revelou na semana
passada que a crise financeira
do Estado do Rio deixou secretarias às escuras, recolheu telefones celulares e rádios até de
secretários, cortou combustível e implantou racionamento
de papel, de cartuchos de tinta
e até de grampos policiais.
Rosinha contingenciou R$
1,4 bilhão e adotou "economia
de guerra" para evitar ser enquadrada na Lei de Responsabilidade Fiscal, após autorizar
o empenho de 40% do Orçamento no primeiro trimestre.
De acordo com o que a Telemar informou em nota, "as negociações para pagamento da
dívida do governo do Estado do
Rio de Janeiro foram retomadas" ontem à tarde e "o governo estadual se comprometeu a
apresentar até 21 de julho um
novo cronograma de pagamento. Com isso, os serviços de telecomunicações suspensos foram religados".
A Secretaria da Justiça, uma
das que tiveram os telefones
cortados ontem, já tinha linhas
bloqueadas -só podiam receber chamadas, além de ter tido
celulares recolhidos, como em
outras secretarias.
Funcionários estão se dividindo em grupos para receber
férias de 15 dias, por falta de
condições e material de trabalho. Folhas de papel têm sido
usadas dos dois lados, faltam
cartuchos de impressora, os
aparelhos de ar-condicionado
ficam desligados e a instrução é
economizar até no uso de canetas e no consumo de água.
Em todas as secretarias, carros alugados foram devolvidos
e o combustível foi racionado.
Os secretários estão apelando
ao emocional dos funcionários
do Estado, pedindo que eles
"não entreguem a toalha".
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