KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A perspectiva de a crise do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se alongar pelo segundo semestre preocupa o presidente Lula, que já teme dificuldade para aprovar dois instrumentos fundamentais para fechar as contas públicas: as prorrogações da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Segundo a Folha apurou, essa preocupação foi um dos principais temas do encontro que Lula e Renan tiveram anteontem à tarde no Planalto. O senador procurou tranqüilizar o petista. Disse que, no primeiro semestre, o Senado aprovou quase todos os projetos de interesse do governo.
Mas o temor de Lula é o futuro próximo. Após dura campanha de 2006, o presidente procurou manter bons canais com a oposição. Até duas semanas atrás, Renan se fiava na boa relação com oposicionistas para tentar se salvar. Desde então, o peemedebista perdeu apoio no PSDB e no DEM. Nos últimos dias, entrou em conflito aberto com tucanos e democratas.
Renan tentou vender a Lula que a sua crise é uma forma de a oposição tentar minar o governo, uma espécie de "terceiro turno" da disputa de 2006. O presidente nunca comprou essa tese. Acha que há um ingrediente, mas que ele não é determinante. Agora, Lula se preocupa com a contaminação que pode ser levada ao governo se o conflito de Renan se acirrar.
Reservadamente, Lula diz que não pode pedir a Renan para não se defender. O presidente do Senado se diz inocente.
Lula também enfrenta dificuldade no partido de Renan. O relator da prorrogação da CPMF, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem usado o posto para cobrar do Planalto cargos de segundo escalão prometidos, mas não entregues, à cúpula do PMDB.
Na opinião do governo, a deterioração da relação de Renan com a oposição e a pressão do PMDB por cargos tendem a dificultar as prorrogações da CPMF e da DRU. Um reflexo da preocupação do governo foi a articulação do Planalto, não admitida oficialmente, para que Renan desistisse de presidir a sessão que votou a LDO.


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