São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2000


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CASO MARKA
José Carlos Fragoso diz que dará o endereço de banqueiro à Justiça
Cacciola está morando no exterior, afirma advogado

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

O advogado José Carlos Fragoso, que defende Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, afirmou que o banqueiro está morando no exterior. Fragoso disse que informará à Justiça o novo endereço de seu cliente amanhã.
O advogado pretende provar que seu cliente não pode ser considerado um foragido da Justiça, porque teria se mudado do país num momento em que não havia ordem de prisão contra ele.
"O novo endereço foi estabelecido antes de a prisão ser decretada." Apesar da afirmação, até sexta-feira Fragoso disse que ainda não tinha recebido informações sobre o novo endereço de Cacciola, o que lhe seria passado pela família do banqueiro.
O advogado não descarta a hipótese de Cacciola estar na Itália, já que também é cidadão italiano. Ao ser perguntado se seu cliente poderia estar morando lá, respondeu: "É possível".
Cacciola ficou detido por 37 dias numa prisão especial no Rio. Beneficiado por uma liminar concedida pelo então presidente interino do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio, no dia 14 de julho, o banqueiro foi solto. Quando o presidente do STF, Carlos Velloso, reassumiu o cargo, cinco dias depois, restabeleceu a prisão preventiva. No dia 20 de julho, a Polícia Federal já não encontrou o banqueiro em seu endereço e, desde então, ele é considerado foragido da Justiça.
Fragoso afirmou que entregará à Justiça provas documentais de que Cacciola deixou o país enquanto estava livre. A liminar que o soltou não estabeleceu restrições a viagens ao exterior.
O procurador da República Artur Gueiros disse que, uma vez informado do paradeiro de Cacciola, o governo deverá pedir a extradição do banqueiro imediatamente. Como a Itália não extradita seus cidadãos, Gueiros disse que a alternativa, na impossibilidade de a Justiça brasileira trazer Cacciola de volta ao país, é a reprodução de um processo criminal contra ele na Itália.
Fragoso disse que irá recorrer ao STJ da decisão da 3ª Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio, que na terça-feira decidiu por unanimidade manter a prisão preventiva do banqueiro.
"Cacciola virou o demônio da nação, enquanto os responsáveis pela operação, sobre a qual ele não decidiu, podem responder em liberdade, sem ter o telefone grampeado, como deve ser, afinal. Isso tudo só atrapalha a defesa", afirmou o advogado.
O processo que apura a responsabilidade de Cacciola nos supostos crimes cometidos na venda de dólar do Banco Central à sua instituição, em janeiro do ano passado, poderá sofrer atrasos.
Enquanto Cacciola não for intimado a comparecer à audiência que ouvirá as testemunhas de defesa, marcada para o próximo dia 17, o processo não pode correr, explica o advogado. "Seria ilegal."
O advogado não soube dizer se o banqueiro pretende se entregar. "Essa é uma decisão íntima dele."



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