São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Partido lançará candidato a presidente, mas deverá evitar discurso oposicionista em convenção

"Saída" de Itamar ajuda PMDB governista

Evelson de Freitas - 2.mar.2001/Folha Imagem
O deputado Michel Temer, candidato a presidente do partido, que não aceita veto a seu nome


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saída do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, da disputa pela presidência do PMDB deixou a ala governista do partido mais confortável para decidir se a legenda realmente marchará sozinha na eleição presidencial de 2002 ou se reeditará a aliança com PSDB e PFL.
O deputado Michel Temer (SP), por ora o único candidato ao comando do PMDB, tenta costurar a unidade do partido, na expectativa de conseguir o consenso em torno de seu nome.
Temer, que diz contar com o apoio dos governadores peemedebistas, viajará pelos Estados e promete ligar pessoalmente para cada um dos delegados à convenção do partido. De acordo com sua contabilidade, ontem ele somava 70% dos 711 votos do Diretório Nacional do partido.
Ele está com a missão de contornar os ânimos de Itamar e tirar da disputa os nomes que eventualmente o governador mineiro tente lançar -a exemplo do senador Iris Rezende (PMDB-GO).
"Não aceitarei veto ao meu nome nem uma terceira via. Éramos eu e Itamar. Ele desistiu. Eu não", afirmou Temer.
Na convenção de 9 de setembro, o PMDB aprovará o lançamento da candidatura própria à Presidência da República em 2002. Mas nada se falará sobre enveredar pelo discurso oposicionista de Itamar -até porque há pouquíssimas esperanças de que ele continue no partido. O governador de Minas nem sequer deve participar da convenção, pois sua agenda indica que estará no interior do Estado no dia do evento.
"Muito pragmaticamente, se tivermos um candidato, vamos adiante. Mas, se o governo despontar na frente [nas pesquisas", vamos ver como o partido se coloca", disse Temer.
"Seria uma irresponsabilidade deixar o governo agora. Somos parte dele, co-responsáveis, e temos que ajudá-lo a sair da crise", disse Henrique Eduardo Alves, secretário de Infra-Estrutura do governo do Rio Grande do Norte.
"Mas não podemos aceitar que o PSDB, que não tem nem um candidatura natural, que não passa de 8% nas pesquisas, tenha que ser apoiado pelo PMDB. Por quê?", afirmou Alves.
A avaliação dos governistas é que a ala oposicionista do PMDB está superfaturada. Ganhou espaço usando como combustível os baixos índices de popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso, a crise energética, a alta do dólar e a insatisfação de um funcionalismo público há seis anos sem aumento de salário.
A aposta é que o grupo integrado por Itamar e apoiado pelo ex-governador de São Paulo Orestes Quércia não passa -como nunca teria passado- de 30% do Diretório Nacional.
Diante da possibilidade de o quadro nacional mudar a favor do governo, o PMDB não quer fechar a porta do diálogo para poder, se for o caso, voltar a discutir a aliança com tucanos e pefelistas, hoje os mais próximos de FHC.
"O presidente [FHC" não tem o direito de impor um candidato agora. Se no começo do ano que vem entendermos que a aliança é melhor, vamos para a mesa de negociações", disse Henrique Alves.
(ANDRÉA MICHAEL)


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