São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2001

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Eleição no PT gaúcho provoca disputa entre facções

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A eleição para a presidência do PT no Rio Grande do Sul tornou-se uma guerra entre as facções do partido, que comanda o Estado há três anos e a Prefeitura de Porto Alegre há 13 anos.
Só há um candidato situacionista, David Stival, da tendência Articulação de Esquerda -que, com a tendência Democracia Socialista, apóia a gestão estadual de Olívio Dutra. Mesmo ele reserva algumas críticas ao governador (leia texto nesta página). Os outros principais candidatos são de oposição e fazem críticas abertas a Olívio, que vão desde a relação mantida com o governo federal até a divisão de cargos. Ainda assim, Stival é o favorito à disputa, que ocorre em 16 de setembro.
"Discordamos da política de conciliação em relação ao governo federal, especialmente quanto à dívida. Olívio havia dito, na companha, que lutaria pelo comprometimento da receita com o pagamento da dívida em 7%. Mas ela está nos mesmos 13% acordados pelo Britto [Antônio, ex-governador, do PMDB"", diz a deputada estadual Luciana Genro, da tendência Movimento de Esquerda Socialista e filha do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
"Há uma coexistência pacífica da qual discordamos. O governo do Estado age como se fosse uma ilha", diz ela. Luciana critica, também, o ajuste fiscal realizado "à custa do servidor". Segundo a deputada, o reajuste de 25% para os professores "é razoável".
O secretário-geral do PT gaúcho, Paulo Ferreira (PT Amplo), faz críticas à DS (Democracia Socialista, tendência majoritária no governo Olívio) e à Articulação de Esquerda (que tem apoio da DS na disputa regional). "Eu esperava que o David Stival tivesse com o Olívio o rigor que tem com o Lula. Agora que ele disputa a presidência, faz exigências que não faz ao Olívio. É uma contradição."
O candidato do Fórum Socialista Solidário, Pedro Corrêa, diverge da forma como ocorre a participação das facções no governo. "Preocupo-me com a participação no governo, que deve ser responsabilidade de toda a organização partidária. A elaboração das políticas deve ser feita por todos."
"A DS não leva em conta as instâncias locais do partido. Quem apoiou Tarso [Genro" na prévia para a eleição ao governo [vencida por Olívio" ficou de fora. Sugerimos que as instâncias do partido sejam ouvidas. Além disso, trata-se de um governo urbano, centrado na área metropolitana de Porto Alegre", diz.
O deputado federal Marcos Rolim (tendência Humanista) afirma que "o aparato do Estado é loteado em quotas a serem preenchidas por indicações de tendências", o que, de acordo com ele, dá lugar ao "lobby".
"O sistema introduz uma nova forma de clientelismo, visto que o critério de indicações apenas excepcionalmente atende à demonstração de manifesta competência e capacidade técnica. Tal dinâmica é contrária ao interesse público, porque conduz pessoas despreparadas a funções de extraordinária responsabilidade e complexidade", afirma Rolim, que utiliza, para definir a forma como são preenchidos os cargos, o termo "loteamento".
Os outros candidatos são Celso Alberici (Rede), Laércio Barbosa (O Trabalho), Leandro Hoffmann (Brasil Socialista), Luiz Saraiva (Construção Socialista) e Marcelino Pies (Ação Democrática).



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