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Eleição no PT gaúcho provoca disputa entre facções
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A eleição para a presidência do
PT no Rio Grande do Sul tornou-se uma guerra entre as facções do
partido, que comanda o Estado
há três anos e a Prefeitura de Porto Alegre há 13 anos.
Só há um candidato situacionista, David Stival, da tendência Articulação de Esquerda -que, com
a tendência Democracia Socialista, apóia a gestão estadual de Olívio Dutra. Mesmo ele reserva algumas críticas ao governador
(leia texto nesta página). Os outros principais candidatos são de
oposição e fazem críticas abertas a
Olívio, que vão desde a relação
mantida com o governo federal
até a divisão de cargos. Ainda assim, Stival é o favorito à disputa,
que ocorre em 16 de setembro.
"Discordamos da política de
conciliação em relação ao governo federal, especialmente quanto
à dívida. Olívio havia dito, na
companha, que lutaria pelo comprometimento da receita com o
pagamento da dívida em 7%. Mas
ela está nos mesmos 13% acordados pelo Britto [Antônio, ex-governador, do PMDB"", diz a deputada estadual Luciana Genro,
da tendência Movimento de Esquerda Socialista e filha do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
"Há uma coexistência pacífica
da qual discordamos. O governo
do Estado age como se fosse uma
ilha", diz ela. Luciana critica, também, o ajuste fiscal realizado "à
custa do servidor". Segundo a deputada, o reajuste de 25% para os
professores "é razoável".
O secretário-geral do PT gaúcho, Paulo Ferreira (PT Amplo),
faz críticas à DS (Democracia Socialista, tendência majoritária no
governo Olívio) e à Articulação de
Esquerda (que tem apoio da DS
na disputa regional). "Eu esperava que o David Stival tivesse com
o Olívio o rigor que tem com o Lula. Agora que ele disputa a presidência, faz exigências que não faz
ao Olívio. É uma contradição."
O candidato do Fórum Socialista Solidário, Pedro Corrêa, diverge da forma como ocorre a participação das facções no governo.
"Preocupo-me com a participação no governo, que deve ser responsabilidade de toda a organização partidária. A elaboração das
políticas deve ser feita por todos."
"A DS não leva em conta as instâncias locais do partido. Quem
apoiou Tarso [Genro" na prévia
para a eleição ao governo [vencida por Olívio" ficou de fora. Sugerimos que as instâncias do partido sejam ouvidas. Além disso,
trata-se de um governo urbano,
centrado na área metropolitana
de Porto Alegre", diz.
O deputado federal Marcos Rolim (tendência Humanista) afirma que "o aparato do Estado é loteado em quotas a serem preenchidas por indicações de tendências", o que, de acordo com ele, dá
lugar ao "lobby".
"O sistema introduz uma nova
forma de clientelismo, visto que o
critério de indicações apenas excepcionalmente atende à demonstração de manifesta competência e capacidade técnica. Tal
dinâmica é contrária ao interesse
público, porque conduz pessoas
despreparadas a funções de extraordinária responsabilidade e
complexidade", afirma Rolim,
que utiliza, para definir a forma
como são preenchidos os cargos,
o termo "loteamento".
Os outros candidatos são Celso
Alberici (Rede), Laércio Barbosa
(O Trabalho), Leandro Hoffmann
(Brasil Socialista), Luiz Saraiva
(Construção Socialista) e Marcelino Pies (Ação Democrática).
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