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TRANSIÇÃO
Campanha de José Serra pressionou para evitar os encontros; acordo com FMI e transição estão na pauta
Dólar alto leva FHC a chamar candidatos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL EM BRASÍLIA
A nova alta do dólar após o
anúncio do acordo com o FMI levou o presidente Fernando Henrique Cardoso a convidar os quatro principais candidatos ao Palácio do Planalto para encontros separados ainda neste mês. FHC
quer discutir o acordo de US$ 30
bilhões fechado com o Fundo
Monetário Internacional e o processo de transição de governo.
A volta da turbulência econômica na última sexta, um dia depois do anúncio do acordo com o
FMI, levou FHC a reconsiderar a
hipótese de se reunir com os candidatos. Os contatos começaram
a ser feitos no final de semana.
A iniciativa foi confirmada ontem à noite por meio de nota assinada pelo ministro Pedro Parente
(Casa Civil). O texto diz que o presidente está "convidando cada
um dos principais candidatos à
Presidência para conversas sobre
a economia brasileira, os entendimentos com o Banco Mundial e o
Banco Interamericano de Desenvolvimento, o conteúdo do acordo com o Fundo Monetário Internacional e o papel do acordo no
processo de transição para um
novo governo".
O presidente sofreu pressão da
campanha presidencial do tucano
José Serra para evitar esse tipo de
encontro, mas a volta da turbulência econômica e a sensação do
mercado financeiro de que o candidato governista tem pouca
chance de ir ao segundo turno fizeram com o que emissários do
Palácio do Planalto estabelecessem os primeiros contatos.
Parente procurou assessores e
aliados dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes
(PPS) e Anthony Garotinho
(PSB). Ciro aceitou. Lula também
deverá aceitar. E Garotinho disse
que vai avaliar e responderá hoje.
Ontem à noite, em São Paulo, o
candidato do PPS negou que o
contato já tenha sido feito, mas se
disse disposto a conversar. "Qualquer cidadão brasileiro, chamado
pelo presidente, tem o dever de
educação política de atender ao
convite", afirmou, para em seguida completar que participaria do
encontro "sem reservas".
"O que pega é catapora. Conversa, não", declarou ainda em
entrevista à Bandeirantes.
Até a semana passada, a campanha de Serra era contrária ao encontro de FHC com os presidenciáveis. A avaliação era que uma
foto de FHC ao lado de Lula e Ciro
transmitiria a imagem de que Serra já seria tratado como derrotado
pelo Planalto. A cúpula petista
também tinha restrições ao encontro por achar que Lula poderia
perder a marca de oposição e sua
eventual gestão ser vista como
continuidade dos anos FHC.
No entanto, Lula sempre deixou
claro que, se convidado, não teria
como recusar, sob o risco de passar a imagem de intransigente.
São boas as relações entre a cúpula do PT e FHC, que já disse a interlocutores que votaria em Lula
em um eventual segundo turno
contra Ciro.
Já o PT foi o partido de oposição
que jogou mais afinado com o governo na negociação com o FMI.
O deputado Aloizio Mercadante,
um dos principais assessores econômicos de Lula, elogiou a iniciativa. "Acho positivo que o presidente procure os candidatos e que
haja uma transição entre esse governo e o próximo."
FHC vem mantendo contato
com o PT, em conversas telefônicas com o presidente do partido,
José Dirceu. A última ligação
ocorreu no final da semana,
quando FHC abordou a hipótese
do encontro com Lula. Dirceu
afirmou que não via nenhum empecilho e discutiu o tema em reunião ontem em São Paulo.
O presidente do PPS, senador
Roberto Freire, esteve na semana
passada com FHC no Alvorada.
Na ocasião, o presidente afirmou
que gostaria de conversar com todos os partidos sobre a situação
econômica e sobre o acordo. Mas
não pediu que o senador fosse intermediário de um convite a Ciro.
Àquela altura, FHC preferia não
fazer o encontro, na esperança de
que o acordo com o FMI derrubasse o dólar para menos de R$ 3.
Com a Reportagem Local
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