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AMBIENTE
Evento foi marcado por ataques aos transgênicos
Reunidos com ministra, ativistas pedem mudança na agricultura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A convite da ministra Marina
Silva (Meio Ambiente), uma série
de "papas" do ambientalismo alternativo se reuniu ontem em
Brasília no seminário "Diálogos
para um Brasil Sustentável". Na
pauta, a defesa da mudança de paradigmas como o da grande agricultura de exportação.
Esteve presente, por exemplo, o
físico austríaco Fritjof Capra. Autor de "O Tao da Física" e "Ponto
de Mutação", ele é um defensor
de soluções para o fim da pobreza
por meio de desenvolvimento
sustentável que sejam holísticas
-para usar o jargão dos "alternativos" que designa análises multifacetadas dos problemas.
O professor chileno Miguel Altieri, titular da Universidade de
Berkley (EUA), defendeu que os
produtos agrícolas brasileiros fiquem de fora das regras da Organização Mundial do Comércio.
Todos os palestrantes, mesmo
os popstars do ambientalismo alternativo, como o norte-americano Amory Lovins, não cobraram
cachê para participar do evento.
Capra é o autor da idéia de
montar uma rede de cooperação
internacional de defensores do
desenvolvimento sustentado e da
agroecologia para ajudar o Brasil
nesse setor. "Só num governo como o de Luiz Inácio Lula da Silva
isso será possível", justificou.
A realização do seminário foi
decidida no último Fórum Social
Mundial, em janeiro deste ano,
em Porto Alegre, numa conversa
entre Marina e Capra.
O ativista ambiental Jean Marc
Van der Weid, membro do movimento "Brasil livre de transgênicos", que reúne cerca de cem
ONGs, diz que "a soja ajuda a fazer um excedente de exportação,
mas deixará para trás um verdadeiro deserto".
Há um certo consenso entre os
ambientalistas de que os efeitos
dos alimentos transgênicos no organismo ainda não foram esclarecidos e, por isso, o consumo não
pode ser liberado.
Representantes do "Brasil livre
de transgênicos", como Van der
Weid, disseram que o Planalto
poderá liberar os transgênicos
sem ter tido informações completas sobre o assunto.
"O governo só ouviu quem defende os transgênicos", disse ele.
"A Casa Civil, que forma opinião
do presidente, está muito mal informada sobre o assunto", completou Ciro Correa, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Entre os dias 12
de setembro e 16 de outubro, cerca de mil militantes do MST vão
acampar em Brasília para protestar contra os transgênicos.
(GABRIELA ATHIAS)
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