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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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AMBIENTE

Evento foi marcado por ataques aos transgênicos

Reunidos com ministra, ativistas pedem mudança na agricultura

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A convite da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), uma série de "papas" do ambientalismo alternativo se reuniu ontem em Brasília no seminário "Diálogos para um Brasil Sustentável". Na pauta, a defesa da mudança de paradigmas como o da grande agricultura de exportação.
Esteve presente, por exemplo, o físico austríaco Fritjof Capra. Autor de "O Tao da Física" e "Ponto de Mutação", ele é um defensor de soluções para o fim da pobreza por meio de desenvolvimento sustentável que sejam holísticas -para usar o jargão dos "alternativos" que designa análises multifacetadas dos problemas.
O professor chileno Miguel Altieri, titular da Universidade de Berkley (EUA), defendeu que os produtos agrícolas brasileiros fiquem de fora das regras da Organização Mundial do Comércio.
Todos os palestrantes, mesmo os popstars do ambientalismo alternativo, como o norte-americano Amory Lovins, não cobraram cachê para participar do evento.
Capra é o autor da idéia de montar uma rede de cooperação internacional de defensores do desenvolvimento sustentado e da agroecologia para ajudar o Brasil nesse setor. "Só num governo como o de Luiz Inácio Lula da Silva isso será possível", justificou.
A realização do seminário foi decidida no último Fórum Social Mundial, em janeiro deste ano, em Porto Alegre, numa conversa entre Marina e Capra.
O ativista ambiental Jean Marc Van der Weid, membro do movimento "Brasil livre de transgênicos", que reúne cerca de cem ONGs, diz que "a soja ajuda a fazer um excedente de exportação, mas deixará para trás um verdadeiro deserto".
Há um certo consenso entre os ambientalistas de que os efeitos dos alimentos transgênicos no organismo ainda não foram esclarecidos e, por isso, o consumo não pode ser liberado.
Representantes do "Brasil livre de transgênicos", como Van der Weid, disseram que o Planalto poderá liberar os transgênicos sem ter tido informações completas sobre o assunto.
"O governo só ouviu quem defende os transgênicos", disse ele. "A Casa Civil, que forma opinião do presidente, está muito mal informada sobre o assunto", completou Ciro Correa, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Entre os dias 12 de setembro e 16 de outubro, cerca de mil militantes do MST vão acampar em Brasília para protestar contra os transgênicos.
(GABRIELA ATHIAS)


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