São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Eleitorado de direita vota em candidato de esquerda

35% situam Lula à esquerda, e 35% vêem tucano à direita

DA REDAÇÃO

A maioria relativa do eleitorado brasileiro (35%) considera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está à esquerda do espectro político, enquanto um percentual idêntico situa o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) à direita.
Essa polarização é especialmente evidente quando se tomam os eleitores com nível superior: 58% classificam Lula à esquerda e outros 58% situam Alckmin à direita. Paradoxalmente, embora a maioria do eleitorado se posicione à direita, quem lidera a pesquisa de intenção de voto é Lula (47%), e não Alckmin (24%). O eleitorado, porém, não vê nenhuma contradição nessa escolha: dos eleitores do petista, 47% se dizem de direita -percentual idêntico à média nacional. A grande diferença reside no fato de que a proporção de conservadores fica acima da média nacional no eleitorado de Alckmin (53%) e abaixo dela no caso da candidata do PSOL, Heloísa Helena (39%).

Temas polêmicos
A liberalização do aborto e a descriminalização da maconha preocupam mais as mulheres e os estratos de baixa renda e baixa escolaridade, enquanto a redução da maioridade penal e a adoção da pena de morte são defendidas sobretudo pelos homens e os estratos de renda média e escolaridade média. Tanto a redução da maioridade penal como a adoção da pena de morte encontram um apoio mais intenso na região Sul, e mais fraco na região Nordeste.
A manutenção da legislação sobre o aborto é defendida por 65% das mulheres (contra 62% dos homens), por 64% das pessoas com ensino fundamental (contra 53% daquelas que têm curso superior) e por 65% dos que ganham até dois salários mínimos (contra 49% dos que ganham mais de 10 salários).
No caso da descriminalização da maconha, as diferenças são ainda mais claras: condenam a descriminalização 82% das mulheres (contra 75% dos homens), 82% dos que têm ensino fundamental (contra 69% dos que possuem diploma universitário) e 82% dos que recebem até dois salários mínimos (contra 67% dos ganham mais de dez salários).

Maioridade penal
Em contraste, a redução da maioridade penal é apoiada especialmente pelos homens (87%, contra 82% das mulheres), pelos eleitores com nível médio (89%) e pelos que ganham mais de cinco a dez salários mínimos (93%).
O eleitorado masculino também é mais favorável à adoção da pena de morte (56%, contra 46% das mulheres). Mais uma vez, os setores mais propensos à medida são o estrato médio de escolaridade (53%) e a faixa que recebe de cinco a dez salários mínimos (54%).
O crime que mais choca a população é o homicídio (67%), seguido do estupro (57%). A adoção da pena de morte para esses dois crimes encontra um apoio algo superior entre as mulheres (69% contra 65%, no caso do homicídio, e 58% a 56%, no de estupro). Paradoxalmente, o estupro seguido de morte é visto como merecedor da pena de morte por 40%.


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