LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O marido da prefeita Marta Suplicy (PT) e um dos coordenadores de sua campanha à reeleição, Luiz Favre, elevou ontem o tom dos ataques ao candidato José Serra (PSDB). "O candidato José Serra representa o que há de mais reacionário na política paulista", disse Favre poucos minutos depois de descer do palanque onde a prefeita discursou para 50 mil pessoas, segundo o organizador Glauco Piai, ou 20 mil pessoas, segundo a PM, na Capela do Socorro (zona sul de São Paulo).
Para fundamentar a acusação, Favre comparou o realizado pela prefeitura petista com o que foi feito pelo governo do PSDB. "O governo do Estado, que possui um programa semelhante ao renda mínima, só atende 12 mil famílias, depois de dez anos de implantação, dando a cada família apenas R$ 60 por mês. Enquanto isso, o Renda Mínima de Marta beneficia 180 mil famílias com R$ 150 por mês. Se eleito, Serra cortará todos os programas sociais de São Paulo."
A federalização da campanha paulista foi tema insistentemente repisado pelos discursos petistas. Segundo a prefeita, "Lula é nosso parceiro. Foi graças a ele que conseguimos fazer o bilhete único, a farmácia popular, os CEUs [Centros Educacionais Unificados], dar uniforme e material escolar para os alunos."
Já o presidente nacional do PT, José Genoino, disse que "a eleição de Marta é fundamental para o Lula", não descartando a possibilidade de o presidente ir à TV para declarar seu apoio à reeleição da prefeita.
Sobre a pesquisa Datafolha publicada ontem, que mostra Serra à frente de Marta por uma diferença de quatro pontos percentuais, Genoino disse: "A campanha ainda está em curso, uma hora nós estamos na frente, outra o Serra. Mas isso é por pouco tempo. Em breve ficará claro que o candidato do PSDB não passa de um fabricante de factóides."
Ontem, a coordenação de campanha do PT realizou, além do comício na zona sul, outro, em Sapopemba, na zona leste, reunindo 10 mil pessoas, segundo os organizadores.
Na zona sul, o principal chamariz para a presença de público foi o show da dupla Zezé Di Camargo e Luciano. Os dois, depois de cantar alguns de seus maiores sucessos, chamaram a prefeita de volta ao palco e declararam seu apoio a ela. Disse Zezé Di Camargo, depois de se desculpar pela expressão: "A Marta é uma mulher que, se preciso for, pega no bicho e bate na mesa."

Francês na periferia
Na zona norte, onde o show foi animado pela dupla Rio Negro & Solimões, o ponto alto da festa foi a presença do presidente da região Île de France, que abrange a cidade de Paris, o socialista Jean-Paul Huchon. O cargo de Huchon, apesar do nome oficial, corresponde ao de prefeito.
Discursando em francês para uma platéia perplexa de moradores do conjunto habitacional da Fazenda da Juta, uma das mais pobres de São Paulo, Huchon prometeu ajudar a prefeita a construir a primeira faculdade de administração da zona leste. Em silêncio, os moradores ouviram uma Marta vestida de blusa jeans e calça cáqui traduzir a promessa.


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