São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DO "MENSALINHO"

Medida significaria transformar presidente da Câmara, que pediu início do inquérito, de vítima de extorsão em investigado

PF pretende remeter investigação ao STF

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes pretende enviar o inquérito que investiga uma suposta extorsão que teria sido sofrida pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), para o STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está avaliando a condução do inquérito na medida em que as evidências trazidas pelos depoimentos colocam Severino na iminência de se tornar também um investigado.
Se Severino for investigado, o inquérito tem que ser conduzido pelo Supremo já que, por ser parlamentar, Severino tem foro privilegiado. A apuração foi iniciada na semana passada a pedido do próprio deputado, que alegava ter sido vítima de extorsão pelo empresário Sebastião Buani.
Buani, por sua vez, acusa Severino de ter lhe cobrado propina em 2002 e 2003, quando era primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara, para renovar o contrato que dava a Buani a concessão de um dos restaurantes da Câmara.
Ontem, Menezes esteve na Procuradoria Geral da República, órgão que acompanhará a investigação quando o inquérito chegar ao STF.
A PF também colheu ontem os depoimentos dos garçons Hélio da Silva e Rosenildo Alves e do maître José Ribamar da Silva Filho. Os três são empregados de Buani e reafirmaram as versões de que entregavam envelopes com dinheiro às secretárias de Severino Rucely Machado e Gabriela Martins.
"Levei um pacote contendo dinheiro para a secretária do Severino Cavalcanti. Eu não sabia quanto tinha, porque estava lacrado, mas a Gisele [filha de Buani e diretora financeira do restaurante] falava para eu ter cuidado porque tinha dinheiro", disse Ribamar, que afirmou ter seguido tal procedimento duas vezes. Rosenildo declarou ter feito uma entrega, e Hélio, três.

Laudo
Técnicos do Instituto Nacional de Criminalística já analisam cópia do documento de prorrogação ilegal de licença de exploração de restaurante, classificado anteontem de "fraudulento" pelo presidente da Câmara.
O deputado lançou mão de um laudo assinado pelo perito Adamastor Nunes de Oliveira para negar a autenticidade do documento e a história do pagamento de propina. Oliveira afirmou que a assinatura no documento não era a que Severino usava em 4 de abril de 2002, de quando data o documento. O próprio perito afirmou, no entanto, que o laudo não era conclusivo, porque ele analisara uma cópia do documento divulgada na internet.
O foco da análise do Instituto Nacional de Criminalística é avaliar se os traços da escrita de Severino coincidem com a assinatura que consta do documento e com outras assinaturas registradas em documentos da Câmara dos Deputados.


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