|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DO "MENSALINHO"
Medida significaria transformar presidente da Câmara, que pediu início do inquérito, de vítima de extorsão em investigado
PF pretende remeter investigação ao STF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal
Sérgio Menezes pretende enviar o
inquérito que investiga uma suposta extorsão que teria sido sofrida pelo presidente da Câmara,
Severino Cavalcanti (PP-PE), para o STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está avaliando a condução do inquérito na medida em
que as evidências trazidas pelos
depoimentos colocam Severino
na iminência de se tornar também um investigado.
Se Severino for investigado, o
inquérito tem que ser conduzido
pelo Supremo já que, por ser parlamentar, Severino tem foro privilegiado. A apuração foi iniciada
na semana passada a pedido do
próprio deputado, que alegava ter
sido vítima de extorsão pelo empresário Sebastião Buani.
Buani, por sua vez, acusa Severino de ter lhe cobrado propina em
2002 e 2003, quando era primeiro-secretário da Mesa Diretora da
Câmara, para renovar o contrato
que dava a Buani a concessão de
um dos restaurantes da Câmara.
Ontem, Menezes esteve na Procuradoria Geral da República, órgão que acompanhará a investigação quando o inquérito chegar
ao STF.
A PF também colheu ontem os
depoimentos dos garçons Hélio
da Silva e Rosenildo Alves e do
maître José Ribamar da Silva Filho. Os três são empregados de
Buani e reafirmaram as versões de
que entregavam envelopes com
dinheiro às secretárias de Severino Rucely Machado e Gabriela
Martins.
"Levei um pacote contendo dinheiro para a secretária do Severino Cavalcanti. Eu não sabia quanto tinha, porque estava lacrado,
mas a Gisele [filha de Buani e diretora financeira do restaurante] falava para eu ter cuidado porque
tinha dinheiro", disse Ribamar,
que afirmou ter seguido tal procedimento duas vezes. Rosenildo
declarou ter feito uma entrega, e
Hélio, três.
Laudo
Técnicos do Instituto Nacional
de Criminalística já analisam cópia do documento de prorrogação ilegal de licença de exploração
de restaurante, classificado anteontem de "fraudulento" pelo
presidente da Câmara.
O deputado lançou mão de um
laudo assinado pelo perito Adamastor Nunes de Oliveira para
negar a autenticidade do documento e a história do pagamento
de propina. Oliveira afirmou que
a assinatura no documento não
era a que Severino usava em 4 de
abril de 2002, de quando data o
documento. O próprio perito afirmou, no entanto, que o laudo não
era conclusivo, porque ele analisara uma cópia do documento divulgada na internet.
O foco da análise do Instituto
Nacional de Criminalística é avaliar se os traços da escrita de Severino coincidem com a assinatura
que consta do documento e com
outras assinaturas registradas em
documentos da Câmara dos Deputados.
Texto Anterior: Provas Próximo Texto: Frase Índice
|