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Ministro afirma que relação com Severino é apenas institucional
CATIA SEABRA
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, negou
que Severino Cavalcanti (PP-PE)
conte com o apoio do governo,
como disse na véspera. Wagner
disse que Lula "não vai se manifestar" e chegou a caracterizar a
eleição de Severino como um ato
de irracionalidade da oposição.
Descrevendo a conversa de domingo com Severino, Wagner
deixou claro que o deuptado não
obteve amparo do Planalto para a
decisão de se manter no cargo. Segundo ele, foi Severino quem solicitou o encontro, ainda em Nova
York. "[Ele disse] que se sente caluniado e queria sustentar essa
posição até o final. Eu insisto que
o tribunal é a Câmara. Não cabe
ao governo emitir juízo de valor."
O ministro fez questão de frisar
que "a relação com Severino é institucional". Falou em perda de
bom senso ao responder se responsabilizava PFL e PSDB pela
eleição de Severino. Para ele, a
disputa faz parte do jogo, desde
que "limitado ao bom senso".
Wagner criticou, por exemplo, a
proposta de obstrução de votação
enquanto a Câmara for presidida
por Severino e afirmou que o país
vive um momento de "excessiva
excitação política".
À tarde, após receber a presidente da Fundação France Libertés, Danielle Mitterand, no Planalto, afirmou que, "se quiserem
transformar o episódio de Severino num jogo de oposição versus
governo, é sinal de quem não quer
apurar as coisas".
Wagner negou que Lula tenha
assistido à entrevista de Severino
pela TV, e afirmou que o presidente recebeu informações pelo
próprio ministro. Lembrou que,
para Lula, as "questões de mérito"
do caso Severino devem ser resolvidas pela Câmara.
Representação
Sobre a possibilidade de o PT
assinar ou não a representação
contra Severino, o ministro disse
achar "estranho" que partidos
que não convidaram o PT para
apoiar a eleição de Severino estejam ansiosos em incluir o PT agora, em processo de investigação.
A oposição na Câmara quer "legitimar" o afastamento do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), com o apoio dos
partidos aliados do governo. Como Severino disse que não se
afastará nem renunciará ao cargo,
a oposição diz que precisa haver
entendimento entre os partidos
para que ele seja afastado.
A questão foi discutida entre
oposição e situação em Diamantina (MG), onde alguns dos seus representantes foram receber ontem a comenda Juscelino Kubitschek. A conclusão foi que, como o
regimento não prevê o afastamento -mas a abertura do processo de cassação, o que demandaria tempo-, somente uma decisão dos partidos daria legitimidade à medida.
"Estamos aguardando um claro
e importante pronunciamento
dos partidos da base aliada. Nós
vamos insistir na necessidade do
afastamento. O regimento não
prevê essa alternativa, a menos
que haja um entendimento entre
todos os partidos políticos", disse
o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
O também deputado oposicionista Eduardo Paes (PSDB-RJ)
cobrou um posicionamento do
PT. "O PT precisa dizer se quer
que Severino continue presidindo
a Câmara ou se quer que ele saia.
A base do governo tem que se manifestar."
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) sinalizou ser favorável ao entendimento. Disse que
a posição tem que ser "unitária o
mais possível", sem disputa entre
oposição e governo e que os partidos podem, se unidos, até convencer Severino a se afastar.
Reforma política
Participantes do debate sobre
reforma política, o senador José
Jorge (PFL-PE) e os deputados
Ronaldo Caiado (PFL-GO) e João
Almeida (PSDB-BA) -os três de
oposição- concordam que é necessário votar projetos relevantes
para o país. Caiado, porém, voltou a defender a proposta de afastamento de Severino.
Almeida, no entanto, argumenta que a oposição pode esperar
pelo processo na Câmara, evitando que o problema político contamine o institucional.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Agência Folha, em Diamantina
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