São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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Ministro afirma que relação com Severino é apenas institucional

CATIA SEABRA
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, negou que Severino Cavalcanti (PP-PE) conte com o apoio do governo, como disse na véspera. Wagner disse que Lula "não vai se manifestar" e chegou a caracterizar a eleição de Severino como um ato de irracionalidade da oposição.
Descrevendo a conversa de domingo com Severino, Wagner deixou claro que o deuptado não obteve amparo do Planalto para a decisão de se manter no cargo. Segundo ele, foi Severino quem solicitou o encontro, ainda em Nova York. "[Ele disse] que se sente caluniado e queria sustentar essa posição até o final. Eu insisto que o tribunal é a Câmara. Não cabe ao governo emitir juízo de valor."
O ministro fez questão de frisar que "a relação com Severino é institucional". Falou em perda de bom senso ao responder se responsabilizava PFL e PSDB pela eleição de Severino. Para ele, a disputa faz parte do jogo, desde que "limitado ao bom senso".
Wagner criticou, por exemplo, a proposta de obstrução de votação enquanto a Câmara for presidida por Severino e afirmou que o país vive um momento de "excessiva excitação política".
À tarde, após receber a presidente da Fundação France Libertés, Danielle Mitterand, no Planalto, afirmou que, "se quiserem transformar o episódio de Severino num jogo de oposição versus governo, é sinal de quem não quer apurar as coisas".
Wagner negou que Lula tenha assistido à entrevista de Severino pela TV, e afirmou que o presidente recebeu informações pelo próprio ministro. Lembrou que, para Lula, as "questões de mérito" do caso Severino devem ser resolvidas pela Câmara.

Representação
Sobre a possibilidade de o PT assinar ou não a representação contra Severino, o ministro disse achar "estranho" que partidos que não convidaram o PT para apoiar a eleição de Severino estejam ansiosos em incluir o PT agora, em processo de investigação.
A oposição na Câmara quer "legitimar" o afastamento do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), com o apoio dos partidos aliados do governo. Como Severino disse que não se afastará nem renunciará ao cargo, a oposição diz que precisa haver entendimento entre os partidos para que ele seja afastado.
A questão foi discutida entre oposição e situação em Diamantina (MG), onde alguns dos seus representantes foram receber ontem a comenda Juscelino Kubitschek. A conclusão foi que, como o regimento não prevê o afastamento -mas a abertura do processo de cassação, o que demandaria tempo-, somente uma decisão dos partidos daria legitimidade à medida.
"Estamos aguardando um claro e importante pronunciamento dos partidos da base aliada. Nós vamos insistir na necessidade do afastamento. O regimento não prevê essa alternativa, a menos que haja um entendimento entre todos os partidos políticos", disse o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
O também deputado oposicionista Eduardo Paes (PSDB-RJ) cobrou um posicionamento do PT. "O PT precisa dizer se quer que Severino continue presidindo a Câmara ou se quer que ele saia. A base do governo tem que se manifestar."
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) sinalizou ser favorável ao entendimento. Disse que a posição tem que ser "unitária o mais possível", sem disputa entre oposição e governo e que os partidos podem, se unidos, até convencer Severino a se afastar.

Reforma política
Participantes do debate sobre reforma política, o senador José Jorge (PFL-PE) e os deputados Ronaldo Caiado (PFL-GO) e João Almeida (PSDB-BA) -os três de oposição- concordam que é necessário votar projetos relevantes para o país. Caiado, porém, voltou a defender a proposta de afastamento de Severino.
Almeida, no entanto, argumenta que a oposição pode esperar pelo processo na Câmara, evitando que o problema político contamine o institucional.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha, em Diamantina

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