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MÍDIA E ESPETÁCULO
Advogado de Flávio Maluf também questionará, na OAB, filmagem pela Globo do réu sendo algemado
Sindicância apura abusos da PF em prisão
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, determinou ontem a abertura de uma
sindicância para apurar se houve excessos na prisão de Flávio
Maluf por policiais federais.
Flávio foi algemado no heliporto do Morumbi, na manhã
de sábado, depois de viajar do
interior para São Paulo num helicóptero de sua família, acompanhado por agentes da PF. Horas antes, por telefone, o advogado dele, José Roberto Batochio,
havia acordado com o delegado
Protógenes Queiroz que não haveria necessidade de algemas ou
de exposição desnecessária.
O procurador Pedro Barbosa,
que pediu a prisão preventiva
dos Maluf, também desaconselhou o uso de algemas.
Além de ser algemado no heliporto, a prisão de Flávio foi filmada pelo repórter César Tralli,
da TV Globo, que aguardava o
réu dentro de um carro da PF.
Com um boné preto, colete bege e óculos escuros -trajes que
levaram o repórter a ser confundido com os demais policiais da
PF pelo réu e por seu advogado-, Tralli filmou a prisão e seguiu dentro de um dos carros da
polícia, com sirene ligada, fazendo a escolta de Flávio até a PF.
Na sede, teve acesso privilegiado
ao interior do prédio, sempre
trajando roupas que o confundiam com os agentes.
Batochio afirmou ontem que
irá formalizar uma reclamação
na OAB contra a presença do repórter no momento da prisão.
"Vou reclamar contra essa
desnecessária humilhação. Há
um movimento da OAB contra
esse tipo de abuso", disse.
Segundo Batochio, Flávio foi
algemado para que a filmagem
fosse feita. "Vamos fazer uma tomada!", disse ontem, numa alusão irônica ao momento em que
o policial deu voz de prisão.
Anteontem, a assessoria da TV
Globo disse que o repórter não
usava roupas da PF, mas uma jaqueta da marca Hugo Boss.
No "Jornal Nacional" de ontem, o apresentador William
Bonner disse que "a Polícia Federal cumpre o seu papel ao
abrir as duas sindicâncias [sobre
os privilégios aos Maluf na sede
da PF e sobre o suposto abuso na
prisão de Flávio], mas nós temos
certeza de que aquela que cita a
TV Globo chegará a uma única
conclusão: o repórter César Tralli, que cobre as investigações sobre Paulo Maluf há mais de cinco anos, fez apenas o seu trabalho, com a competência que tem
demonstrado em sua carreira".
Bonner ressalvou que no Brasil
"a liberdade de imprensa é uma
garantia constitucional". "O furo de reportagem, dentro dos limites éticos da profissão, é a meta de todo bom jornalista e costuma premiar aqueles que não
se importam de passar madrugadas em claro, vasculhar documentos durante meses e descobrir testemunhas. Foi esse o caso
de Tralli", completou Bonner.
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