São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Vice diz que acusação de uso da máquina por Lula é especulação

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Questionado sobre as acusações de uso da máquina pela campanha da reeleição, o vice-presidente e candidato, José Alencar (PRB), disse ontem que "é muito difícil para o presidente da República deixar de exercer atividade de governo só porque está em campanha".
Alencar se recusou a comentar o caso da distribuição, pelo PT, das cartilhas produzidas pela Secom (Secretaria de Comunicação): "Eu estou lá [no Planalto] e nunca ouvi falar dessas cartilhas. Ouvi agora pela imprensa, não posso opinar".
O vice-presidente atribuiu as acusações de uso da máquina a "especulações" e busca de polêmica pela imprensa. "Há um ditado que diz: em tempo de guerra, o boato come terra. Em eleição há de tudo."
Para demonstrar a "dificuldade" de separar atividades de campanha das de governo, Alencar deu como exemplo um evento onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inspecionaria uma obra, com a presença de apoiadores políticos: "O presidente não pode proibir que gritem o nome dele, e alguém pode chegar e dizer que ele estava fazendo campanha. É uma calúnia, mas passa", afirmou em evento ontem à noite em Guarulhos, onde participou de atividades de campanha com empresários e militantes.
O vice-presidente falou ainda de cláusula de barreira e de crescimento econômico. Alencar, que elogiou o mecanismo, afirmou que "a rigor, é quase impossível" que o PRB cumpra os requisitos de votação nacionais e estaduais exigidos pela cláusula de barreira para o funcionamento dos partidos.
Ele citou a Bíblia, para dizer que o "espetáculo do crescimento" virá no segundo mandato. ""Espetáculo do crescimento" é usado pela mídia. Não sei de onde veio. O Eclesiastes ensina: há um tempo para cada coisa. Houve um tempo para arrumar a casa. Agora é tempo de crescimento."

Últimos comícios
O presidente Lula tem cobrado a coordenação petista para que programe três grandes comícios para marcar o encerramento de sua campanha do primeiro turno. A sugestão do presidente é que os eventos sejam marcados em três capitais -Recife (PE), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
Ontem, em conversa com auxiliares, Lula mais uma vez ironizou a crise na candidatura de Geraldo Alckmin. Disse que o nervosismo de tucanos e pefelistas aumenta a cada vez que ele cresce nas pesquisas de intenção de voto e amplia a chance de vitória no primeiro turno.
Na mesma conversa no Planalto, Lula se disse satisfeito com o conteúdo e a repercussão de seu programa eleitoral no rádio e na TV.
Para a semana que vem, a coordenação de campanha petista está preparando um evento no qual Lula receberá o apoio de diferentes prefeitos de todo o país. A idéia inicial é reunir em Brasília entre mil e 2.000 prefeitos. Há, porém, quem defenda um evento mais reservado, com a entrega de uma carta assinada pelos prefeitos e o encontro com uma delegação de 20 a 30 deles.
Nos últimos dias, Lula tem se queixado com auxiliares do Planalto e do PT que sua agenda de presidente tem sido comprometida por conta das viagens de campanha e das gravações de programas eleitorais. Lula pediu que sua agenda de presidente seja ampliada, com cerimônias no Planalto e deslocamentos para "inspeções" de obras pelo país. O Rio Grande do Sul deve ser o foco dessas viagens oficiais.
Ontem, no final da tarde, Lula recebeu em seu gabinete dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil. Num bate-papo com o religioso, ele disse estar incomodado com o clima seco de Brasília.


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