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ELEIÇÕES 2006 / RUMO A 2010
Para tucanos, carta de FHC antecipou a disputa Serra-Aécio
Primeiro embate entre apoiadores do paulista e do mineiro deve acontecer na escolha do novo presidente do partido
PSDB avalia que texto de
ex-presidente foi o primeiro sinal de que ele pretende manter influência na sigla, o que pode favorecer Serra
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mal-estar causado pela
carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha de Geraldo Alckmin
(PSDB) expôs, segundo avaliação de tucanos, uma divisão
que tomará conta do partido
caso a eleição termine no primeiro turno: a disputa entre
José Serra e Aécio Neves pelo
Palácio do Planalto em 2010,
que começa pela escolha do
próximo presidente do PSDB.
Apesar de o tema ainda ser
tratado com cautela na cúpula
tucana, ele já não é mais velado
após a divulgação da carta e tornou-se recorrente -até entre
pefelistas- nos bastidores.
Nos bastidores, o partido já
esboça uma cisão em duas correntes. Uma parte defende que
o próprio FHC assuma a presidência do partido depois da
eleição, como forma de ganhar
mais espaço na cena política
em um segundo governo Lula.
Na contramão, a outra parte
sugere que, em caso de derrota,
Alckmin trilhe o mesmo caminho de Serra, que ficou com a
presidência do PSDB um ano
após o revés para Lula.
À época, depois de passar 13
meses sem se manifestar publicamente -da madrugada de 28
de outubro de 2002 a novembro de 2003-, Serra herdou o
cargo de José Aníbal e, no ano
seguinte, venceu a eleição para
a Prefeitura de São Paulo.
Para a uma ala tucana, a
transferência do comando do
partido a FHC seria vital para
construir um cenário favorável
a Serra na futura corrida presidencial. Segundo integrantes
da campanha de Alckmin, a
carta de FHC foi o primeiro sinal de que ele não pretende
abrir mão da influência que
exerce na legenda.
Do outro lado, os próprios
aliados de Alckmin admitem
que o presidenciável tem mandado recados diretos a Aécio,
que também acenariam para
2010. Alckmin afirma acreditar
que a transferência dos votos
de Aécio em Minas -segundo
maior colégio eleitoral do
país- poderiam conduzi-lo ao
segundo turno. O governador
mineiro tem 71% das intenções
de voto na disputa pela reeleição, de acordo com o Datafolha.
Nesse caso, retribuiria o
apoio do mineiro na futura disputa. Um sinal concreto, segundo aliados de Alckmin, foi a
mudança de opinião, agora se
dizendo contra a reeleição.
O atual presidente do PSDB,
senador Tasso Jereissati (CE),
tem tentado se manter neutro.
Segundo tucanos, ele admite
seguir no posto caso a divisão
gere desgaste prematuro, mas
deverá voltar-se ao seu Estado.
Para tentar evitar que o debate contamine as últimas semanas antes da eleição, o coordenador da campanha, senador
Sérgio Guerra (PSDB), tentava
ontem agendar um evento de
lançamento do plano de governo com a presença de FHC.
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