São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007
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Painel RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br Obra coletiva
A oposição culpa o PT. O PT culpa a oposição. A salvação de Renan Calheiros, porém, foi um "Assassinato no Expresso Oriente". Como no livro de Agatha
Christie, diferentes personagens entraram na cabine
para dar sua punhalada no pedido de cassação. Coreografia. A ordem quase unida da bancada petista na votação de ontem deu um novo significado à visita que Eduardo Suplicy (SP) fez na véspera ao gabinete de Renan. Sinais. O vice-presidente Tião Viana (PT-AC), que conduziu a sessão zelando pelo sigilo máximo, cumprimentou somente duas pessoas na única vez que desceu da Mesa Diretora: Renan e José Sarney. Álibi. Senadores do PSDB e do DEM deixaram o plenário com um bordão. O PT, diziam, "não deu um único voto" para a cassação. O discurso visa diminuir o saldo de traidores em suas próprias bancadas. Bandeiroso. A entrevista de Álvaro Dias (PR) logo após a absolvição, jogando para baixo as demais representações contra o presidente do Senado sob o argumento de que "é esse o desejo da maioria", consolidou entre seus colegas uma convicção: contra Renan esse tucano não votou.
Gravando! Os deputados
que faziam a ponte entre o
plenário e a imprensa durante
a sessão fechada ganharam
apelido cinematográfico: "13
Homens e Nenhum Segredo". Pão e água. Quando sanduíches e refrigerantes foram servidos no fundo do plenário e deputados tentaram fazer uma boquinha, coube à líder do PT, Ideli Salvatti (SC), enquadrar a turma: "A liminar não dá direito a lanche". É isso aí. Os senadores pró-Renan encontraram no discurso de Francisco Dornelles (PP-RJ) o embasamento "técnico" para a absolvição. "Foi a fala mais objetiva", comentou, logo em seguida, o habitualmente calado José Maranhão (PMDB-PB). Dornelles, na verdade, ameaçou vagamente os colegas com a possibilidade de devassa fiscal caso vingasse a cassação. Citações. Marco Maciel (DEM-PE) foi de Norberto Bobbio. Francisco Dornelles (PP-RJ) invocou famoso artigo de Carlos Lacerda. E Jefferson Péres (PDT-AM) recheou seu discurso com um trecho de Victor Hugo. Animador. Coube ao renanzista Gilvam Borges (PMDB-AP) comandar os momentos de maior descontração no plenário. "Sibá, fala mais alto, força!". Ou: "Suplicy, não abra seu voto!".
Jogo jogado. Quando Renan abandonou o discurso da
humildade e encerrou sua fala
batendo boca com Heloisa
Helena (PSOL-AL), a oposição teve a certeza de que ele
estava seguro da vitória.
Contraponto
Pouco depois do enfrentamento entre deputados e seguranças do Senado ontem, Domingos Dutra (PT-MA)
conseguiu sorrateiramente entrar no plenário. O clima
ainda estava tenso, e os senadores falavam sem microfone
para não serem ouvidos do lado de fora, como manda o
regimento em sessões como a que absolveu Renan Calheiros. Dutra logo deixou o local. Nesse instante, recebeu o
telefonema de um repórter ansioso por saber detalhes do
que se passava no plenário. |
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