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Sessão de seis horas tem bate-boca e "traição"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A sessão durou seis horas.
Nos primeiros 48 minutos, ela
foi aberta. O julgamento foi
precedido de forte tensão e acabou marcado por uma briga,
com direito a troca de socos entre deputados que queriam assistir à sessão e seguranças do
Senado. Todos os senadores votaram, inclusive Renan.
Amparados por um mandado
de segurança concedido na madrugada pelo STF, um grupo de
13 deputados conseguiu ter
acesso à sessão. O primeiro-vice-presidente, Tião Viana (PT-AC), tentou derrubar o recurso,
mas o plenário do STF rechaçou o pedido no meio da tarde.
O resultado reflete a simétrica divisão que se estabeleceu na
Casa nos dias que antecederam
a votação. No entanto, fortalece
o peemedebista, que ainda enfrentará outras três acusações
de quebra de decoro neste ano.
Segundo aliados, Renan avalia
tirar 15 dias de férias para esfriar os ânimos. O Planalto trabalha para que ele se licencie do
cargo, a que o alagoano resiste.
Apesar do discurso da maioria da oposição de que a crise se
perpetuará, a avaliação nos
bastidores é que a vitória tira o
fôlego dos demais processos. "A
decisão de hoje sinaliza o destino dos outros processos, a não
ser que surjam fatos novos",
disse Álvaro Dias (PSDB-PR).
O placar contraria o que senadores declararam à Folha
nos três últimos dias. Em enquete encerrada anteontem, 41
parlamentares se diziam pró-cassação. Ontem, 43 afirmaram ter votado contra Renan
-na sessão secreta, porém, o
placar do Senado registrou 35
votos pela perda de mandato.
Renan usou de todos os seus
artifícios para buscar votos na
última hora. Mobilizou sua
"tropa de choque" e fez forte
ofensiva pelos 12 votos do PT.
Às vésperas de completar 52
anos, Renan optou por um discurso emotivo e agressivo na
tribuna. "A injustiça me dilacera a alma, destrói a honra. Sou
vítima da sofreguidão por desmoralizar homens públicos."
Repetiu sua cruzada contra a
mídia e reafirmou que não foram encontradas provas contra
ele. "Se agridem o presidente,
querem agredir a instituição.
Sou o terceiro presidente do
Senado que querem caçar no
grito", disse. Com o dedo em
riste, encerrou sua fala num
bate-boca com a ex-senadora
Heloísa Helena (PSOL), uma
de sua principais adversárias.
Aliados de Renan e a oposição admitiram que houve "traições" dos dois lados. A oposição culpou o PT pelo desfecho.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), chorou após o resultado. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), reagiu: "Nada de jogar no colinho do PT".
Aliados de Renan festejaram.
"Fico satisfeito porque se fez
justiça", declarou o senador Almeida Lima (PMDB-SE).
Foram 98 dias de um processo de cassação tumultuado por
várias manobras de Renan. Até
que fosse aprovado, por 11 votos 4, no conselho, caíram dois
relatores -Wellington Salgado
e Epitácio Cafeteira (PTB-MA)- e o então presidente do
órgão, Sibá Machado (PT-AC).
O relatório que pedia a cassação Renan foi elaborado pelos
senadores Renato Casagrande
(PSB-ES) e Marisa Serrano
(PSDB-MS), a partir de uma representação do PSOL.
O processo foi originado a
partir da suspeita de que a pensão alimentícia de R$ 12 mil
mensais à jornalista Mônica
Veloso, com quem Renan tem
uma filha, era paga por um lobista da empreiteira Mendes
Júnior. Depois, novas denúncias desencadearam mais três
acusações, ainda em trâmite.
(SILVIO NAVARRO, FERNANDA KRAKOVICS, FÁBIO ZANINI E VERA MAGALHÃES)
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