São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

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Renan descarta deixar cargo e pede "diálogo"

"Não guardo mágoas nem ressentimentos", diz presidente do Senado, que foi para a casa de Roseana Sarney após a sessão

Ao longo do dia, senador recebeu o deputado Jader Barbalho, que o aconselhou a não se licenciar do cargo, e o seu irmão Olavo Calheiros

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dizendo poucas palavras à imprensa após o resultado que o absolveu de uma das acusações que ameaçam o seu mandato, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) divulgou nota na noite de ontem afirmando que já está procurando líderes para "prosseguir na agenda legislativa" e que o "único sentimento" que o move é o do "entendimento e diálogo".
Apesar de dizer no texto que saberá corresponder "aos anseios da instituição e aproximá-la cada vez mais da sociedade", Renan não deu sinais de que pretende se afastar da presidência do Senado.
"Venceu a democracia. (...) Não guardo mágoas nem ressentimentos. O único sentimento que me move é o do entendimento e do diálogo", diz o presidente do Senado. A nota prossegue afirmando que, "a partir da decisão madura e soberana do plenário do Senado já comecei a procurar os líderes e presidentes dos partidos para prosseguirmos na agenda legislativa que de fato interessa ao país e à população. Não tenham dúvidas, saberei corresponder aos anseios da instituição e aproximá-la cada vez mais da sociedade brasileira".

Jader
O dia de Renan Calheiros (PMDB-AL) começou com uma visita do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente do Senado que se afastou do cargo e depois renunciou sob acusação de corrupção.
Jader foi o responsável em aconselhar Renan a não se afastar da presidência durante a crise, sempre citando o seu exemplo -depois de deixar a presidência do Senado, em 2001, ele também teve que renunciar ao mandato para escapar de uma eventual cassação.
Renan também recebeu o irmão, o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL), que enfrenta um processo no Conselho de Ética da Câmara sob a suspeita de ter sido beneficiado por uma cervejaria.
Na véspera da votação, o senador ficou no gabinete da presidência até as 21h30, sempre disparando telefonemas e pedindo o voto pela sua absolvição, mensagem que colocou no papel ao enviar carta a todos os 80 colegas na noite de anteontem. Nela, pedia: "Não decretem minha morte política", já que ficaria, se cassado, inelegível até 2019, ano em que terá 63 anos. Renan faz aniversário de 52 anos no domingo.

Vaias
Renan recebeu cumprimentos no plenário e logo depois saiu, sob algumas vaias e xingamentos de "ladrão". Em meio a muito tumulto, disse que iria rezar. Havia uma missa programada em uma igreja de São Judas Tadeu, o santo católico das "causas impossíveis". Mas ele não apareceu. Assessores divulgaram depois que ele iria a um culto evangélico a pedido da esposa, Verônica.
Na realidade, Renan seguiu para a casa de seu advogado, Eduardo Ferrão, e, depois, para a casa de Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, a anfitriã da comemoração dos renanzistas.


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