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ELEIÇÕES 2008 / NA ESTRADA
Clima de ameaça marca campanha na líder de devastação
Madeireiros querem se manter na Prefeitura de Tailândia (PA), cidade que em 2006 extraiu 1,4 milhão de metros cúbicos de toras
Enquanto fazia fotos em carvoarias, reportagem foi seguida por camionete; só 1 dos 3 candidatos não atua com a extração de madeiras
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A TAILÂNDIA (PA)
Alvo da Operação Arco de
Fogo da Polícia Federal no início deste ano, contra a exploração ilegal de madeira, o empresário Gilberto Miguel Sufredini, 55, o Gilbertinho (PTB), é a
esperança dos madeireiros para manter o poder nas eleições
em Tailândia (PA), como indicam placas de campanha, com
fotos e nome dele, nas entradas
das madeireiras do município.
Tailândia é líder na extração
de madeira no Brasil. Segundo
dados do IBGE, em 2006 foi extraído 1,4 milhão de metros cúbicos de toras, volume avaliado
em R$ 67,2 milhões.
A ameaça mais visível aos
planos dos madeireiros é um
jovem de 23 anos, João Paulo
Vasconcelos (PRP). Sua campanha tem maior visibilidade
porque usa ônibus, trio elétrico, carros de som e até um marqueteiro. Ele prega o fim das
madeireiras ilegais.
O prefeito Paulo Liberte Jasper (sem partido), o Macarrão,
que é madeireiro, apóia Gilbertinho. Também madeireiro, o
secretário municipal do Meio
Ambiente, Josefran da Silva Almeida, 41, o Frank, foi nomeado para o cargo em maio, após a
Operação Arco de Fogo.
Essa ação da PF tem sido tema da eleição, pois houve até
levante de moradores contra a
polícia. O confronto começou
quando um grupo se insurgiu
contra a retirada da madeira
apreendida nas empresas. A PF
diz ter encontrado 13 mil metros cúbicos de madeira ilegal
em Tailândia, incluindo na empresa de Gilbertinho.
Frank diz que os empresários
querem trabalhar legalmente,
mas esbarram na burocracia
para aprovar os planos de manejo para corte das árvores.
A Folha esteve na empresa
de Gilbertinho, mas não conseguiu falar com ele. A informação era de que ele estaria ocupado até o dia seguinte.
Falar com Macarrão também não foi possível. Em dia de
expediente, informaram que o
prefeito não estava. Na casa do
prefeito disseram que ele estava viajando. Ao voltar da casa
para a cidade, fazendo fotos de
madeireiras ao longo da rodovia PA-150, a reportagem foi
seguida por uma camionete.
Esse episódio pode ser incluído no clima de insegurança
da campanha em Tailândia, diz
o jornalista Joaquim Campos,
marqueteiro de Vasconcelos.
Uma das primeiras coisas
que Campos diz, sem mais nem
menos, é: "Eu ando com segurança". Na entrevista, João
Paulo afirma que vê na agricultura familiar e na qualificação
de mão-de-obra uma alternativa para a extração de madeira.
"Enfrento a máquina da prefeitura e a elite dos madeireiros."
Vasconcelos adverte a reportagem de que Tailândia é uma
cidade "muito violenta". Também candidato, o madeireiro
Melquisedec Cruz Gonçalves,
39, o Melqui (PMDB), não quis
conceder entrevista.
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