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Para especialista, aprovação favorece reeleição
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A inédita aprovação popular
do presidente Lula -64% de
ótimo ou bom, segundo a última pesquisa Datafolha- realimenta as pressões por um terceiro mandato, na opinião do
cientista político Leôncio Martins Rodrigues. O especialista,
professor aposentado da USP e
da Unicamp, acha que a hipótese da reeleição "continuará na
pauta política", mas não será
tratada abertamente por Lula.
"O bom líder político sabe
despistar os adversários sobre
suas verdadeiras intenções,
lançar pistas falsas... e esperar.
É difícil que alguém com tal
chance de vencer desista de
concorrer. A pressão continuísta será muito forte por parte de
sua base", disse.
Marco Antonio Villa, professor de história do departamento de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos, discorda. "Se fosse para tratar disso [o terceiro mandato],
teria que ser este ano, que já
acabou por causa das eleições.
E considero inviável que o presidente consiga mudar a Constituição em 2009, um ano antes
da eleição", disse.
Antonio Villa acha que Lula
usará seu capital político para
eleger o sucessor e voltar em
2014. Uma equação complexa:
"Lula precisa ter um candidato
viável eleitoralmente e que não
o traia. Pois historicamente no
Brasil o sucessor sempre traiu o
antecessor", afirmou o historiador.
Elite
Ambos os especialistas concordam que o bom momento
da economia é um dos principais responsáveis pelo alto índice de aprovação do governo.
Para Martins Rodrigues, Lula
tem sabido usar "a massificação do sistema político brasileiro, ou seja, a entrada do eleitorado de baixa renda na vida política".
"Com esses segmentos pobres, Lula foi capaz de estabelecer uma comunicação que seus
concorrentes não foram capazes, Soube estabelecer boas relações com as igrejas pentecostais (sem romper com a Igreja
Católica), com setores empresariais (também sem romper
com as bases operárias) e ganhar a Força Sindical sem romper com a CUT. No final, revelou grande capacidade agregativa", disse.
Antonio Villa, por sua vez,
acha que ainda é cedo para dizer se o presidente Lula conseguiu romper a barreira da elite.
"Em relação ao chamado "andar de cima", temos que esperar
um pouco, ter uma série histórica, para saber se o presidente
realmente rompeu essa barreira", afirmou.
O historiador também atribui a aprovação popular de Lula à capacidade de contenção
dos escândalos. "Especialmente se comparamos 2008 com os
anos de 2006 e 2005", disse.
Para ele, a denúncia dos grampos ilegais "é um pequeno escândalo, que não conseguiu
sensibilizar a população".
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