São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Para especialista, aprovação favorece reeleição

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inédita aprovação popular do presidente Lula -64% de ótimo ou bom, segundo a última pesquisa Datafolha- realimenta as pressões por um terceiro mandato, na opinião do cientista político Leôncio Martins Rodrigues. O especialista, professor aposentado da USP e da Unicamp, acha que a hipótese da reeleição "continuará na pauta política", mas não será tratada abertamente por Lula.
"O bom líder político sabe despistar os adversários sobre suas verdadeiras intenções, lançar pistas falsas... e esperar. É difícil que alguém com tal chance de vencer desista de concorrer. A pressão continuísta será muito forte por parte de sua base", disse.
Marco Antonio Villa, professor de história do departamento de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos, discorda. "Se fosse para tratar disso [o terceiro mandato], teria que ser este ano, que já acabou por causa das eleições. E considero inviável que o presidente consiga mudar a Constituição em 2009, um ano antes da eleição", disse.
Antonio Villa acha que Lula usará seu capital político para eleger o sucessor e voltar em 2014. Uma equação complexa: "Lula precisa ter um candidato viável eleitoralmente e que não o traia. Pois historicamente no Brasil o sucessor sempre traiu o antecessor", afirmou o historiador.

Elite
Ambos os especialistas concordam que o bom momento da economia é um dos principais responsáveis pelo alto índice de aprovação do governo. Para Martins Rodrigues, Lula tem sabido usar "a massificação do sistema político brasileiro, ou seja, a entrada do eleitorado de baixa renda na vida política".
"Com esses segmentos pobres, Lula foi capaz de estabelecer uma comunicação que seus concorrentes não foram capazes, Soube estabelecer boas relações com as igrejas pentecostais (sem romper com a Igreja Católica), com setores empresariais (também sem romper com as bases operárias) e ganhar a Força Sindical sem romper com a CUT. No final, revelou grande capacidade agregativa", disse.
Antonio Villa, por sua vez, acha que ainda é cedo para dizer se o presidente Lula conseguiu romper a barreira da elite. "Em relação ao chamado "andar de cima", temos que esperar um pouco, ter uma série histórica, para saber se o presidente realmente rompeu essa barreira", afirmou.
O historiador também atribui a aprovação popular de Lula à capacidade de contenção dos escândalos. "Especialmente se comparamos 2008 com os anos de 2006 e 2005", disse. Para ele, a denúncia dos grampos ilegais "é um pequeno escândalo, que não conseguiu sensibilizar a população".


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