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Governo quer tirar da Funasa saúde de índios
Proposta prevê a criação de uma nova secretaria, ligada ao Ministério da Saúde, para prevenir doenças
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo enviou ao Congresso projeto de lei que tira da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) a responsabilidade de
cuidar da saúde dos índios.
A proposta, assinada pelos
ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Paulo Bernardo
(Planejamento), foi protocolada na Câmara no dia 29 de
agosto. Ela prevê a criação de
uma nova secretaria, ligada ao
Ministério da Saúde e voltada à
prevenção de doenças, que trabalharia com a saúde indígena.
No texto do projeto, Temporão e Bernardo explicam que o
trabalho exercido pela Funasa
é "calcado essencialmente em
convênios com Estados, Municípios e ONGs, atribuições essas que geram na sua execução
grande volume de convênios
para análise e acompanhamento, assim como o acúmulo de
"Tomadas de Contas Especiais"
referentes a obras não realizadas, inacabadas ou de qualidade inadequada".
Oficialmente, a explicação do
Ministério da Saúde é que a nova secretaria fará a coordenação de políticas hoje divididas
em estruturas distintas, entre
as quais criança, idoso, mulher
e índio. Extra-oficialmente, o
governo diz que a intenção foi
romper com um processo que
estava "viciado".
A apresentação do projeto
gerou polêmica e evidenciou as
disputas de bastidores entre os
diferentes órgãos responsáveis
pela política indigenista. "Fomos pegos de surpresa", diz o
atual presidente da Funasa,
Danilo Forte.
Responsável pelo saneamento em municípios com até 50
mil habitantes, a Funasa passou a cuidar da saúde dos índios
em 1999 - antes esta era uma
atribuição da Funai (Fundação
Nacional do Índio).
Segundo Forte, a instituição
tem 14 mil funcionários para
atender a saúde de uma população de cerca de 400 mil índios,
de 210 povos em todos os estados, exceto PI e RN.
A Funasa acerta convênios
com ONGs para fazer o trabalho e esta terceirização é freqüentemente criticada. A instituição chegou a ter 57 ONGs
contratadas em 2004, mas 33
foram afastadas por falta de
prestação de contas, resultados
insuficientes ou outras irregularidades. Diante das denúncias, a atual direção editou portaria para deixar mais rígida a
escolha das organizações. Hoje,
há 50 delas contratadas.
Neste ano, o orçamento global da Funasa é de R$ 3,7 bilhões -são R$ 277 milhões para a saúde indígena. Forte reconhece que há limitações orçamentárias e de pessoal, mas
ressalta melhora na situação
em geral. Entre 2004 e 2005,
diz ele, a taxa de mortalidade
dos índios no MS era de 130 para cada mil nascidos vivos. "Hoje, é em torno de 26", diz.
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