São Paulo, Segunda-feira, 13 de Setembro de 1999
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MISTÉRIO EM ALAGOAS
"Vidente" da família afirma que funcionária presenciou discussão sobre dinheiro
Livro relata suposta rixa entre PC e irmão

da Reportagem Local

A "vidente" de Paulo César Farias, Amira Lépore, lança em outubro um livro no qual relata que sua secretária presenciou uma discussão entre PC e seu irmão, o deputado federal pelo Alagoas Augusto Farias (PPB).
De acordo com reportagem publicada pela revista "IstoÉ", baseada em trechos do livro, a namorada de PC, Suzana Marcolino, teria deixado de entregar a Augusto Farias parte de dinheiro de PC que ela teria vindo buscar em São Paulo.
A Folha não conseguiu localizar nenhum dos integrantes da família Farias ontem.

Investigação
A "vidente" declara esperar que o livro colabore com as investigações sobre a morte de Paulo César Farias. Ela rejeita a versão de crime passional.
O secretário da Segurança de Alagoas, Edmílson Miranda, afirmou que "fazem sentido" algumas das informações do livro da "vidente" e que por isso ela terá de ser interrogada. Hoje, a polícia checará a possibilidade de ouvi-la no Brasil (Amira mora nos EUA).
Amira afirma, a partir do depoimento de sua secretária, identificada apenas como Norma, que "o Augusto estava explodindo de ódio, e o dr. Paulo estava possesso com o Augusto".
De acordo com o relato da secretária transcrito no livro, Augusto Farias teria dito que PC não estaria "em condições de ordenar mais nada".
Em entrevista ontem ao programa "Domingo Legal", do SBT, Amira afirmou ter conhecido PC na Inglaterra, quando ele fugia da polícia. Ela diz ter passado três dias na casa de PC em Maceió -daí o nome do livro: "72 horas com PC Farias", que relata supostas conversas telefônicas que a "vidente" teria mantido com ele e com Suzana.
Ela afirma que não utilizou seus supostos poderes paranormais para escrever o livro, que se prendera a fatos presenciados por ela ou por pessoas próximas a ela.
De acordo com Amira, PC teria telefonado para ela em Long Island (EUA) na manhã do dia 22 de junho de 1996, poucas horas antes de morrer, para dizer que tinha descoberto uma "trama diabólica" e que teria uma reunião na noite daquele dia com seus irmãos Augusto e Cláudio para discutir o caso.
A "vidente" também afirma que PC teria dito que mandou fazer uma auditoria em suas empresas e que havia descoberto "traição", "roubo" e pessoas que não o queriam no comando.
O ex-tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello teria deixado de controlar os negócios quando fugiu do país e enquanto esteve preso.
PC teria dito a Amira que estava "cheio de perder dinheiro" e que, "quando se trata de dinheiro, é viver ou morrer".
Após escrever 216 páginas sobre seu cliente, a "vidente" conclui que PC Farias "foi vítima de uma trama da qual participaram pessoas muito próximas a ele".
O livro afirma que PC mandou seguir sua namorada em São Paulo e que descobriu um outro relacionamento amoroso de Suzana Marcolino. "Agora já não dá mais para sair disso tudo", teria dito Suzana a Amira, na tarde do dia em que ela morreu ao lado de PC.


Colaborou a Agência Folha, em Maceió


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