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MISTÉRIO EM ALAGOAS
"Vidente" da família afirma que funcionária presenciou discussão sobre dinheiro
Livro relata suposta rixa entre PC e irmão
da Reportagem Local
A "vidente" de Paulo César Farias, Amira Lépore, lança em outubro um livro no qual relata que
sua secretária presenciou uma
discussão entre PC e seu irmão, o
deputado federal pelo Alagoas
Augusto Farias (PPB).
De acordo com reportagem publicada pela revista "IstoÉ", baseada em trechos do livro, a namorada de PC, Suzana Marcolino, teria deixado de entregar a
Augusto Farias parte de dinheiro
de PC que ela teria vindo buscar
em São Paulo.
A Folha não conseguiu localizar
nenhum dos integrantes da família Farias ontem.
Investigação
A "vidente" declara esperar que
o livro colabore com as investigações sobre a morte de Paulo César
Farias. Ela rejeita a versão de crime passional.
O secretário da Segurança de
Alagoas, Edmílson Miranda, afirmou que "fazem sentido" algumas das informações do livro da
"vidente" e que por isso ela terá de
ser interrogada. Hoje, a polícia
checará a possibilidade de ouvi-la
no Brasil (Amira mora nos EUA).
Amira afirma, a partir do depoimento de sua secretária, identificada apenas como Norma, que "o
Augusto estava explodindo de
ódio, e o dr. Paulo estava possesso
com o Augusto".
De acordo com o relato da secretária transcrito no livro, Augusto Farias teria dito que PC não
estaria "em condições de ordenar
mais nada".
Em entrevista ontem ao programa "Domingo Legal", do SBT,
Amira afirmou ter conhecido PC
na Inglaterra, quando ele fugia da
polícia. Ela diz ter passado três
dias na casa de PC em Maceió
-daí o nome do livro: "72 horas
com PC Farias", que relata supostas conversas telefônicas que a
"vidente" teria mantido com ele e
com Suzana.
Ela afirma que não utilizou seus
supostos poderes paranormais
para escrever o livro, que se prendera a fatos presenciados por ela
ou por pessoas próximas a ela.
De acordo com Amira, PC teria
telefonado para ela em Long Island (EUA) na manhã do dia 22
de junho de 1996, poucas horas
antes de morrer, para dizer que tinha descoberto uma "trama diabólica" e que teria uma reunião na
noite daquele dia com seus irmãos Augusto e Cláudio para discutir o caso.
A "vidente" também afirma que
PC teria dito que mandou fazer
uma auditoria em suas empresas
e que havia descoberto "traição",
"roubo" e pessoas que não o queriam no comando.
O ex-tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello teria
deixado de controlar os negócios
quando fugiu do país e enquanto
esteve preso.
PC teria dito a Amira que estava
"cheio de perder dinheiro" e que,
"quando se trata de dinheiro, é viver ou morrer".
Após escrever 216 páginas sobre
seu cliente, a "vidente" conclui
que PC Farias "foi vítima de uma
trama da qual participaram pessoas muito próximas a ele".
O livro afirma que PC mandou
seguir sua namorada em São Paulo e que descobriu um outro relacionamento amoroso de Suzana
Marcolino. "Agora já não dá mais
para sair disso tudo", teria dito
Suzana a Amira, na tarde do dia
em que ela morreu ao lado de PC.
Colaborou a Agência Folha, em Maceió
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