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DIPLOMACIA
Presidente dos EUA começa a etapa inicial de sua primeira viagem à América do Sul
Clinton chega à Venezuela, prega união e ouve crítica à globalização
das agências internacionais
O presidente dos EUA, Bill Clinton, começou ontem sua primeira
viagem à América do Sul pregando
a união continental "do Alasca à
Patagônia". Ouviu crítica do anfitrião, o presidente venezuelano
Rafael Caldera, aos riscos da globalização, que os EUA lideram.
Clinton chegou às 14h30 (16h30
em Brasília) a Caracas.
"O processo de globalização
avança e sabemos que os EUA podem jogar um papel para que ele
seja em benefício de todos e não
para que agrave as diferenças entre
os seres humanos", discursou Caldera, 81. O presidente venezuelano
reafirmou o compromisso de seu
país contra os males que "ameaçam destruir as reservas morais",
como corrupção e narcotráfico.
Após o breve discurso de Caldera, Clinton, 51, começou sua fala.
Fez uma saudação em espanhol
("saludos, amigos") e continuou
em inglês. Defendeu uma comunidade que vá "do Alasca (Estado
norte-americano no noroeste da
América do Norte) à Patagônia
(extremo sul da Argentina)". "É a
nossa oportunidade para o novo
século", afirmou.
O norte-americano saudou as
democracias da região. "Todos os
países, menos um (a Cuba comunista, sob embargo econômico dos
EUA há quase 40 anos), são democráticos. O livre mercado substituiu as economias dirigidas e derrubamos barreiras comerciais."
Aproveitou a comemoração do
descobrimento da América para
dizer que se sentia como "os primeiros exploradores que chegaram a essas terras e que viram um
novo mundo que estava se formando". Cristóvão Colombo chegou ao Caribe em 12 de outubro de
1492.
'Unir a América'
Clinton elaborou um paralelismo histórico para fazer sua defesa
da polêmica Alca (Área de Livre
Comércio das Américas).
"Quando chegaram, os primeiros exploradores não distinguiram
o norte e o sul da América, para
eles isso era o novo mundo. Agora
temos a oportunidade de unir de
novo a América", afirmou.
O presidente dos EUA pediu que
a região continue a avançar nos
campos da educação, saúde, meio
ambiente e direitos humanos.
Na sequência, elogiou o país que
o recebeu. "Os EUA estão orgulhosos de sua associação com a
Venezuela, que vai desde a fé na
democracia e na vontade de combater o crime e a corrupção até o
desenvolvimento energético e da
proteção do meio ambiente", disse
Clinton, completando a lista de
cooperações: "Música e beisebol".
A referência à energia se deve ao
comércio de petróleo. A Venezuela ultrapassou recentemente a
Arábia Saudita no fornecimento
do produto para os EUA -com a
vantagem de estar numa região
tranquila do ponto de vista geopolítico e mais próximo dos compradores. O beisebol é um dos esportes prediletos venezuelanos.
Clinton aterrissou com o avião
presidencial Air Force One no aeroporto internacional Simon Bolívar, a 25 km de Caracas.
Recebido pelo chanceler Miguel
Burelli Rivas, o presidente e a primeira-dama Hillary Clinton embarcaram em um helicóptero em
direção à base aérea Generalíssimo
Francisco de Miranda.
Na base, que fica à leste de Caracas, Clinton e Hillary eram aguardados pelo presidente Caldera e
autoridades. Ao todo, 260 soldados participaram da cerimônia de
chegada do norte-americano, que
contou também com a presença de
150 estudantes com bandeiras.
Desde anteontem o Exército venezuelano patrulha as ruas de Caracas. Clinton ficará pouco menos
de 24 horas na cidade: parte no começo da tarde de hoje com destino
a Brasília. Na Venezuela, Clinton
assinará seis acordos, com destaque para uma ação conjunta no
combate ao crime organizado.
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