São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004 |
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TODA MÍDIA Voto como pecado
NELSON DE SÁ
Desde o texto de Larry Rohter no "New York Times", sobre Lula e a bebida, que uma reportagem no exterior não atingia tal repercussão. Com o título "A cidade da cocaína e da carnificina", o jornal "The Independent" descreveu, por duas páginas, um cenário de guerra para o Rio, comparado à Chechênia. Encerrou dizendo que, "para milhares de crianças envolvidas pelo narcotráfico, o Rio é uma cidade sem futuro". Logo ecoou no site da BBC Brasil, seguindo daí para as páginas iniciais do UOL e Globo On Line -e daí para os sites dos cariocas "Jornal do Brasil" e "O Dia", para os blogs e canais de notícia. A Globo News trouxe a reação do chefe da Polícia Civil: - É um título que não vamos aceitar de forma alguma. Nós não produzimos cocaína. Há outros locais no mundo que têm volume de cocaína, em consumo e trânsito, maior que o Rio. No início da noite, na enquete com internautas feita pela Globo On Line, à pergunta "o Rio pode ser rotulado como a cidade da cocaína e da carnificina", 86,7% diziam "sim", 13,3%, "não". Como que para confirmar o diário britânico, o JN deu em manchete:: - Policiais do Rio são cercados por traficantes. Dois morrem. Os companheiros deixam as ruas e voltam para o quartel. E o comando nega insubordinação. Voto como pecado No "New York Times" de ontem, um dos destaques era a "guerra santa" em torno da eleição, no campo católico. Bispos americanos estão em campanha contra John Kerry, sobre "temas não-negociáveis". Dois deles, em especial: aborto e pesquisa com células-tronco. Para um líder da campanha, arcebispo do Colorado, votar no democrata seria um "pecado" que exigiria até confissão antes da comunhão. Segundo "guias" distribuídos pela campanha, a "destruição de embriões" para as pesquisas é inaceitável. A igreja de João Paulo 2º joga todo o seu peso sobre os EUA. Mas não só lá. A mensagem do papa noticiada anteontem nos telejornais brasileiros foi além do elogio ao Fome Zero. No destaque do influente site católico Zenit.org, o centro da atenção do Vaticano era o apoio do Brasil aos "valores da fé". "Especialmente", nas palavras do papa, "quando é questão de reconhecer a salvaguarda do não-nascido, desde o momento da concepção". Isso vale contra o aborto, mas, destacou o Zenit, vale sobretudo para a recém-aprovada Lei de Biossegurança, "que permite a pesquisa". Texto Anterior: Mato Grosso: Ex-governador é o suspeito de ser o mandante de dois assassinatos em São Paulo Índice |
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