São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sem lastro

O isolamento que levou Renan Calheiros (PMDB-AL) a deixar a presidência do Senado ameaça contaminar o amigo do peito Teo Vilela (PSDB), que trabalha para unir os tucanos no compromisso de retribuir a licença anunciada pelo peemedebista na noite de quinta-feira com votos para salvar o seu mandato.
Menos de uma hora depois do pronunciamento de Renan, o governador de Alagoas apresentava a um cardeal do PSDB a avaliação de que, agora, será possível evitar a cassação. Não é isso, porém, que se ouve de boa parte da bancada. Ainda que não se possa tomar pelo valor de face as declarações dos senadores sobre essa matéria, predomina hoje o sentimento de que agora é tarde demais para pagar a conta da absolvição.

Foi ali. Um auxiliar direto de Lula identifica o momento em que o presidente teria decidido entregar Renan à própria sorte: o dia da derrubada, no Senado, da MP que criava a Secretaria do Longo Prazo.

Jogo da velha. Por mais que o Planalto tente acalmar o PMDB alegando que a situação não vai perdurar, o fato é que o PT agora ocupa as três presidências: da República, da Câmara e do Senado.

Tenores. Ao optar por Jefferson Péres (PDT-AM) para relatar a quarta representação contra Renan, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse que escolheu o "menos estridente". Os outros disponíveis eram Demóstenes Torres (DEM-GO) e Eduardo Suplicy (PT-SP).

Ah, bom... Na manhã de quinta-feira, com o Senado em suspense à espera do ato final de Renan, Demóstenes Torres atravessou a rua para um bate-papo com Walfrido dos Mares Guia no Planalto. O inflamado oposicionista diz ter falado com o ministro das Relações Institucionais sobre obras do PAC em Goiás.

Mais papel. No material entregue pelo funcionário Marcos Santi à Corregedoria do Senado há um ofício, assinado por Tião Viana (PT-AC), encaminhando novos documentos de Renan para perícia da PF. Eles haviam sido apresentados pelo então advogado do senador, Eduardo Ferrão, fora do prazo processual.

Slogan. Do deputado e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE), defendendo a prorrogação da CPMF em conversa com colegas na Câmara: "Deixa o homem arrecadar!".

Marcação cerrada. Depois de várias reuniões com líderes da Câmara, sindicalistas desembarcam na semana que vem em Brasília a fim de pressionar deputados na votação da oficialização das centrais. Os dirigentes querem lotar a galeria da Casa para que o projeto passe até quarta.

Casa de ferreiro. O deputado Paulo Pimenta (RS) vai elaborar proposta para o colega José Eduardo Cardozo (SP), candidato à presidência do PT, que adota o modelo de orçamento participativo na gestão das finanças da sigla.

Armistício. O ex-governador Zeca do PT e o senador Delcídio Amaral, que sempre disputaram o comando da sigla em Mato Grosso do Sul, selaram pacto para apoiar o mesmo candidato a presidente estadual na eleição interna: o deputado Amarildo Cruz.

Tente outra vez. Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou projeto de decreto legislativo com 184 assinaturas (13 a mais do que o necessário) para a realização de plebiscito oficial sobre a privatização da Vale do Rio Doce. A consulta seria realizada no primeiro turno da eleição municipal.

Cronograma. Marco Maciel (DEM-PE) trabalha para que a CCJ do Senado conclua, na semana que vem, a agenda acertada com a presidente do Supremo, Ellen Gracie, para reforma do Código Penal. Na quarta-feira entra em pauta o projeto que altera os procedimentos do tribunal do júri.

Tiroteio

"Em quem confiar? No Serra que gasta R$ 20 mi para avaliar estatais, mas diz que não vai privatizá-las, ou no Serra que prevê R$ 1,1 bi de receitas no ano que vem com venda de ativos?"
Do deputado estadual ÊNIO TATTO (PT) sobre o governador tucano, que apesar de ter aberto licitação para avaliar o preço das estatais paulistas, afirma não ter intenção de vendê-las à iniciativa privada.

Contraponto

Muito estranho

No recente lançamento das obras do Hospital da Criança, em São José do Rio Preto, o presidente da Assembléia paulista, Vaz de Lima, abriu seu discurso citando o verso inicial da música "Força Estranha", de Caetano Veloso.
-Eu vi um menino correndo...-, declamou o tucano.
A seu lado, o governador José Serra provocou:
-Não vai cantar?
-Faz questão?
Em uníssono, outras autoridades presentes tentaram demovê-lo da idéia. Vaz de Lima ainda perguntou:
-Se o Suplicy canta, por que eu não posso?
Todos riram, mas ninguém incentivou a performance.


Próximo Texto: Planalto quer evitar corrida à sucessão de Renan no Senado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.