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Corte previsto por relator na proposta do governo é de R$ 2,3 bilhões
Projeto de Orçamento troca
investimentos por emendas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de Orçamento de
2005 foi redefinido ontem por seu
relator no Congresso Nacional,
que alterou todos os principais indicadores econômicos da proposta original e cortou R$ 2,3 bilhões
nos investimentos e custeios previstos pelo governo federal. A medida tem o objetivo, entre outros,
de atender às emendas que parlamentares farão à proposta enviada ao Legislativo em agosto.
O corte nos investimentos previstos pelo governo significa, por
exemplo, que o início da transposição das águas do rio São Francisco -a maior obra federal prevista para 2005- terá seus recursos reduzidos de R$ 1 bilhão para
R$ 850 milhões.
A intenção do relator do Orçamento, senador Romero Jucá
(PMDB-RR), é cortar 15% de todos os investimentos superiores a
R$ 3 milhões e 3% do custeio dos
ministérios, o que totalizaria os
R$ 2,3 bilhões.
No papel, esse remanejamento
transfere aos congressistas parte
do poder do Executivo de definir
onde investir o dinheiro federal.
Na prática, é tradição do governo
represar as verbas relativas às
emendas parlamentares, priorizando a execução dos investimentos que ele próprio define.
Um dos motivos principais da
crise pela qual passa atualmente o
Congresso -nesse caso, em relação ao Orçamento deste ano-, as
emendas parlamentares são usadas por deputados e senadores
para destinar recursos para obras
em seus redutos eleitorais. A crise
se dá justamente porque os congressistas estão rebelados pelo
baixo atendimento do governo
em relação às emendas.
Jucá apresenta seu relatório preliminar na Comissão Mista de Orçamento do Congresso na terça. A
comissão deve analisar a proposta
até o final do ano.
"O Jucá não tem saída, ele tinha
que cortar em algum lugar. A
questão das emendas é aquele
conflito eterno que vimos nesta
semana. O governo elabora o Orçamento, mas o Congresso quer
exercer seu direito de interferir",
afirmou o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da comissão.
Indicadores
Os novos indicadores inseridos
pelo senador no Orçamento coincidem quase que na totalidade
com as projeções atuais do mercado.
A principal discrepância se refere ao PIB (Produto Interno Bruto), cuja expectativa de crescimento em 2005 passa dos 4% calculados pelo governo para 4,3%
-pesquisa do Banco Central no
mercado financeiro estima a taxa
em 3,5%.
A explicação: se seguisse a expectativa do mercado, o Congresso teria que fazer mais cortes na
proposta, uma vez que um PIB
menor significa menos arrecadação.
Foi elevada a perspectiva de aumento para o salário mínimo, que
subiria dos atuais R$ 260 para R$
283 -não mais R$ 281. Isso representa um aumento real (descontada a inflação) de 2,61%.
A inflação prevista para o ano
que vem (IPCA) foi recalculada
de 4,5% para 5,9%. Os juros básicos da economia sobem de
13,26% previstos para dezembro
de 2005 para 15,5%. Hoje, estão
em 16,75%. A previsão da cotação
média do dólar cai de R$ 3,16 para
R$ 3,04. A moeda norte-americana fechou ontem cotada a R$ 2,79.
A reestimativa do Congresso
eleva a previsão de receitas em R$
7,4 bilhões -de R$ 457,4 bilhões
para R$ 464,8 bilhões. Apesar do
extra, não há folga.
É que, além das emendas, o
Congresso vai reservar cerca de
R$ 4 bilhões para atender aos governadores, que exigem compensação à perda de arrecadação com
a desoneração das exportações.
Há também um gasto extra de
cerca de R$ 1 bilhão decorrente de
reajustes concedidos a servidores.
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