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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Para Lula, líder do governo no Senado acalmaria PT e manteria a política econômica e a equipe do atual ministro da Fazenda
Caso Palocci saia, Mercadante é opção
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se for obrigado a substituir Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, Luiz Inácio Lula da Silva
deverá escolher o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Lula não deseja a saída
de Palocci. Fez apelos na quinta e
na sexta-feira para ele parar de
pensar em sair do governo. O ministro, porém, ainda avalia a possibilidade de sair do cargo.
Por meio de sua assessoria, Lula
divulgou nota ontem que "reafirma que não estuda mudanças na
política econômica, que é de sua
responsabilidade, nem na pessoa
escolhida por ele para conduzi-la,
o ministro Antonio Palocci".
A eventual substituição de Palocci é uma operação complicada.
Lula está disposto a segurá-lo no
cargo mesmo com a continuidade
do bombardeio -acusações de
corrupção, pressão pelo aumentos de gastos e críticas de membros do governo e aliados à sua
política econômica. Palocci, porém, avalia que, a depender da
evolução da crise política, continuará a ver seu poder definhar e
será levado a deixar o posto "humilhado". O ministro disse a Lula
que, nessa hipótese, atrapalharia a
economia e seria melhor sair logo.
Nesse contexto, Mercadante virou a melhor opção para Lula.
O ministro da Fazenda saiu de
Brasília no final de semana. A tendência é que retorne na quarta-feira e fale com Lula, mas pode ficar mais uns dias de folga.
Mercadante se aproximou muito de Palocci nas últimas semanas. Atuou como bombeiro na
crise do ministro com Dilma
Rousseff (Casa Civil). Sua escolha
agradaria ao PT, que resiste a um
nome como o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal.
Mais: Mercadante manteria a
equipe e a política de Palocci. Deixaria claro que não suavizaria o rigor fiscal -meta de superávit primário de 4,25% do PIB. Como o
Banco Central deu início a processo de redução dos juros, Mercadante não precisaria comprar
briga na política monetária. Além
disso, a escolha de Henrique Meirelles foi sugestão do senador.
Um dos poucos caciques petistas que têm sido preservados no
escândalo do "mensalão" e político que nunca ocupou cargo executivo, Mercadante teria, na visão
de Lula, poucos ou nenhum flanco para ser atacado em sua honra.
No Senado, conquistou o respeito
da oposição e do PMDB -partido que reclama muito de Palocci.
Resumo: Mercadante reúne a
condição de petista, o trânsito
com o empresariado, bom relacionamento com a oposição e o
PMDB e a decisão de manter o rumo econômico de Palocci.
Efeito José Dirceu
Avaliando que cumpriu sua
missão como ministro da Fazenda e que dificilmente aprofundará
o ajuste fiscal como gostaria, Palocci analisa a possibilidade de
deixar a Fazenda enquanto ainda
tem cacife na política e perante os
empresários. Submergiria por
seis meses e veria o que fazer da
vida em 2006, ano eleitoral.
Palocci disse a Lula que não deseja repetir a "experiência" de José Dirceu, que deixou a Casa Civil
em junho após um ultimato de
Roberto Jefferson no Congresso.
Ele avalia estar vivendo um processo de desgaste parecido.
Palocci teve uma conversa franca com Lula. Chegou a dizer que
há problemas de ordem familiar
envolvidos no seu desgaste na crise e que não deseja atrapalhar a vida pessoal de seus parentes. Mais:
pensa que perdeu a chance de ser
candidato a presidente ou a governador de São Paulo em razão
das acusações de corrupção.
Os promotores de Ribeirão Preto (SP), da qual foi prefeito duas
vezes, têm avançado na investigação sobre atos de suas administrações. O ex-assessor na prefeitura
Rogério Buratti tem municiado o
Ministério Público e a imprensa.
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