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JUDICIÁRIO
Mandado de segurança é movido por servidores
do TRT do Maranhão antes mesmo de resolução entrar em vigor
Supremo recebe ação
a favor do nepotismo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu a primeira ação contra o fim do nepotismo no Judiciário, antes mesmo de a resolução do CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) entrar em vigor. O
mandado de segurança é movido
por quatro servidores do TRT
(Tribunal Regional do Trabalho)
do Maranhão.
São eles a mulher, a filha e o genro do juiz Alcebíades Tavares
Dantas e a filha do juiz aposentado Gilvan Chaves de Souza. O
TRT não informou qual é o salário deles. A Folha apurou que cada um recebe ao menos R$ 6.000.
Ministros do STF e conselheiros
do CNJ acreditam que esse será
apenas o primeiro de centenas de
processos que surgirão nos tribunais nos próximos anos para tentar preservar o nepotismo.
A resolução estabelece 90 dias
de prazo para as exonerações, a
contar da sua publicação no "Diário da Justiça", que deverá ocorrer
amanhã. Não há estimativa sobre
quantos servidores serão demitidos por causa de parentesco com
um juiz ou diretor do tribunal onde trabalha.
Estados
A resistência também é grande
nos tribunais de Justiça dos Estados. Anteontem, os corregedores
desses tribunais se reuniram em
Maceió para aprovar carta de repúdio à resolução. No mesmo dia,
o assunto foi tratado em encontro
de presidentes de TJs em São Luís,
do qual o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, participou.
Os exonerados poderão tentar a
reintegração no tribunal onde trabalhavam. Assim, um colega de
seu parente juiz decidirá sobre a
concessão de liminar que autorize
seu retorno.
Entretanto, a palavra final será
do STF. A Folha apurou que os
ministros tendem a rejeitar argumentos sobre direito adquirido,
mas poderão entender que o conselho não tinha o poder de criar
proibição não prevista em lei.
Há duas leis federais vedando o
nepotismo, de 1996 e 2002, mas
elas excluem os casos existentes
antes da edição delas. Poucos Estados têm lei sobre o tema.
O mandado de segurança dos
servidores do Maranhão foi proposto em 24 de outubro, apenas
seis dias depois de o CNJ aprovar
o texto da resolução. A relatora,
ministra Ellen Gracie, ainda não
decidiu o pedido de liminar.
No final de setembro, o STF negou mandado de segurança movido por uma ex-servidora do
TRT do Maranhão, irmã de um
juiz, contra decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que
considerou ilegal a sua nomeação
para cargo de confiança.
Ela argumentou ter direito adquirido a permanecer no cargo,
mas o pedido foi negado por decisão unânime.
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