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Acordos dão a Serra controle de projetos da cidade de SP
Quando assumir, tucano encontrará 30 importantes convênios entre Estado e prefeitura
Sem um bom entendimento com o futuro governador, Kassab, que deve tentar reeleição, pode não tirar do papel obras importantes
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando tomar posse no dia
1º de janeiro, o governador eleito de São Paulo, José Serra
(PSDB), terá sob seu controle
efetivo parte dos principais
projetos da administração municipal da capital, comandada
por ele até março deste ano.
De acordo com levantamento feito pela Folha, 30 importantes convênios entre Estado
e município estarão em curso
até 2008, ano em que Gilberto
Kassab (PFL), sucessor de Serra na Prefeitura de São Paulo,
deverá tentar a reeleição.
O pacote de parcerias dá ao
governador tucano um poder
de fogo para além do âmbito
político no cenário pré-eleitoral, já que, somados, os valores
chegam a R$ 1,5 bilhão, divididos entre Estado e prefeitura.
Sem um bom entendimento
com José Serra, o atual prefeito
pode não tirar do papel obras
de grande visibilidade, já que,
na maior parte dos casos, os
acordos não passam de um
"protocolo de intenções" e não
há sanções para o governo do
Estado em caso de descumprimento do mesmo.
Dependência
Ao deixar o cargo de prefeito
em março último, o próprio
Serra chegou a criticar o alto
grau de dependência do município em relação ao Estado e à
União. Dentre as obras, estão
dois hospitais, a recuperação
das marginais Pinheiros e Tietê, a urbanização de favelas e a
construção de moradias, além
da integração total do sistema
de ônibus metropolitanos e
metrô (veja quadro).
Todos foram assinados após
o início da administração Serra-Kassab na prefeitura, em janeiro de 2005. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB),
por exemplo, liberou R$ 16 milhões, em abril daquele ano, para o hospital M'Boi Mirim.
O pefelista Cláudio Lembo,
sucessor de Alckmin, ampliou
os convênios em junho último
ao liberar R$ 625 milhões para
a finalização do Expresso Tiradentes, o antigo fura-fila, projeto concebido pelo ex-prefeito
Celso Pitta (1997-2000), de
quem Kassab foi secretário.
Fator Alckmin
Um eventual bom desempenho da administração Kassab
pode atrapalhar os planos da
ala do PSDB que sonha retomar
o controle da prefeitura, dona
do terceiro maior orçamento
do país. O grupo próximo a
Alckmin, candidato derrotado
à Presidência, avalia que o ex-governador pode disputar a
eleição em 2008.
Nesse cenário, ficaria inviável para os tucanos uma aliança
com Kassab tendo um nome do
PSDB como vice do prefeito.
Reservadamente, o PFL espera
contar com a ajuda de Serra para tentar manter a Prefeitura
de São Paulo. O partido foi um
dos grandes derrotados da última eleição e vê na administração paulista uma janela para se
reestruturar em todo o país.
Alckmin, por sua vez, conta
com apoio integral de Serra caso aceite o desafio de concorrer
em 2008, a exemplo do que ele
próprio fez com o então candidato tucano em 2004, na acirrada disputa do atual governador eleito com a então prefeita
petista Marta Suplicy, que tentava a reeleição.
Antes das negociações eleitorais, no entanto, o entendimento entre Alckmin e Serra deverá
passar pela montagem do futuro governo tucano em São Paulo. Aliados do candidato derrotado esperam ser abrigados na
nova gestão.
Na próxima semana, Serra
vai se dedicar integralmente à
composição de sua equipe.
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