São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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Acordos dão a Serra controle de projetos da cidade de SP

Quando assumir, tucano encontrará 30 importantes convênios entre Estado e prefeitura

Sem um bom entendimento com o futuro governador, Kassab, que deve tentar reeleição, pode não tirar do papel obras importantes

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando tomar posse no dia 1º de janeiro, o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), terá sob seu controle efetivo parte dos principais projetos da administração municipal da capital, comandada por ele até março deste ano.
De acordo com levantamento feito pela Folha, 30 importantes convênios entre Estado e município estarão em curso até 2008, ano em que Gilberto Kassab (PFL), sucessor de Serra na Prefeitura de São Paulo, deverá tentar a reeleição.
O pacote de parcerias dá ao governador tucano um poder de fogo para além do âmbito político no cenário pré-eleitoral, já que, somados, os valores chegam a R$ 1,5 bilhão, divididos entre Estado e prefeitura.
Sem um bom entendimento com José Serra, o atual prefeito pode não tirar do papel obras de grande visibilidade, já que, na maior parte dos casos, os acordos não passam de um "protocolo de intenções" e não há sanções para o governo do Estado em caso de descumprimento do mesmo.

Dependência
Ao deixar o cargo de prefeito em março último, o próprio Serra chegou a criticar o alto grau de dependência do município em relação ao Estado e à União. Dentre as obras, estão dois hospitais, a recuperação das marginais Pinheiros e Tietê, a urbanização de favelas e a construção de moradias, além da integração total do sistema de ônibus metropolitanos e metrô (veja quadro).
Todos foram assinados após o início da administração Serra-Kassab na prefeitura, em janeiro de 2005. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, liberou R$ 16 milhões, em abril daquele ano, para o hospital M'Boi Mirim.
O pefelista Cláudio Lembo, sucessor de Alckmin, ampliou os convênios em junho último ao liberar R$ 625 milhões para a finalização do Expresso Tiradentes, o antigo fura-fila, projeto concebido pelo ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), de quem Kassab foi secretário.

Fator Alckmin
Um eventual bom desempenho da administração Kassab pode atrapalhar os planos da ala do PSDB que sonha retomar o controle da prefeitura, dona do terceiro maior orçamento do país. O grupo próximo a Alckmin, candidato derrotado à Presidência, avalia que o ex-governador pode disputar a eleição em 2008.
Nesse cenário, ficaria inviável para os tucanos uma aliança com Kassab tendo um nome do PSDB como vice do prefeito. Reservadamente, o PFL espera contar com a ajuda de Serra para tentar manter a Prefeitura de São Paulo. O partido foi um dos grandes derrotados da última eleição e vê na administração paulista uma janela para se reestruturar em todo o país.
Alckmin, por sua vez, conta com apoio integral de Serra caso aceite o desafio de concorrer em 2008, a exemplo do que ele próprio fez com o então candidato tucano em 2004, na acirrada disputa do atual governador eleito com a então prefeita petista Marta Suplicy, que tentava a reeleição.
Antes das negociações eleitorais, no entanto, o entendimento entre Alckmin e Serra deverá passar pela montagem do futuro governo tucano em São Paulo. Aliados do candidato derrotado esperam ser abrigados na nova gestão.
Na próxima semana, Serra vai se dedicar integralmente à composição de sua equipe.


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