São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Percalços

Mais um ingrediente para a crônica dos motivos que teriam feito desandar as tratativas do governo com os tucanos para aprovar a CPMF: Lula rejeitou a sugestão, feita por um cardeal tucano simpático ao imposto, de dar um telefonema diplomático para FHC. O ex-presidente, como se sabe, incitou parlamentares próximos a bombardearem o acordo.
Quanto a Guido Mantega, o aborrecimento de Lula não se deve só ao insucesso da negociação, mas ao fato de que o ministro da Fazenda garantiu ao chefe que havia amarrado o PSDB, para ser logo depois desmentido pelos fatos. Mantega, porém, não corre risco maior, pois o desfecho mais provável da novela é a prorrogação da CPMF passar no plenário do Senado.

Tempo real. Sentados na vizinhança dos senadores da oposição, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), e Aloizio Mercadante (PT-SP) trataram de fazer a desconstrução simultânea de números contidos no relatório contra o imposto do cheque apresentado ontem na CCJ. "Não é bem assim", dizia Jucá a todo momento, entre um telefonema e outro para a Fazenda e o Planalto.

Sumidos. As ausências mais notadas durante a leitura do relatório foram as de Jefferson Péres (PDT-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS). "Onde estão as vestais?", perguntou um senador em tom irônico. Os dois se declaram em dúvida sobre como votar na prorrogação da CPMF.

Esteio. Argumento usado por Lula, em conversa recente, para convencer o aliado Inácio Arruda (PC do B-CE) a aceitar a relatoria da CPI das ONGs: "Eu só tenho a Ideli no Senado". A líder da bancada petista prestou novo serviço ao governo ao substituir o anti-CPMF Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) na Comissão de Constituição e Justiça.

Oportunidade. Enquanto Ideli formalizava a retirada de Mozarildo da CCJ, senadores da oposição tratavam de afagá-lo em busca de mais um votinho contra o imposto do cheque no plenário. "O senhor é muito mais importante do que isso", consolava a relatora, Kátia Abreu (DEM-TO), num desagravo público.

Surpresa. Sem aviso prévio, poucas horas antes da cerimônia em Zurique na qual o Brasil foi anunciado como sede da Copa de 2014, a Fifa tentou fazer com que Lula assinasse um documento, redigido em inglês, pelo qual o presidente se comprometeria a obter do Congresso mudanças na legislação supostamente necessárias à realização do Mundial no país. Não rolou.

Palmatória. O diretor do centro de informações da ONU no Brasil, Giancarlo Summa, conversava informalmente com jornalistas depois do almoço entre o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, e Lula quando recebeu uma reprimenda do chanceler Celso Amorim: "A gente tem de conversar antes de você dar briefing aqui".

Consolidado. O quórum foi alto nos debates entre os candidatos à presidência do PT realizados na região Nordeste durante o fim de semana. Quem acompanhou, porém, aposta: pouca gente deve mudar de lado por causa desses encontros até a eleição interna, em 2 de dezembro.

Clube restrito. Os dirigentes do PT no Maranhão enfrentam dificuldades para compor a nova direção local do partido, dada a escassez de filiados: "São 16 mil petistas no meio de seis milhões de habitantes", queixa-se o deputado federal Domingos Dutra.

Nem pensar. Dilma Pena nega que o governo paulista queira privatizar a Sabesp, como sugere a oposição. A secretária de Saneamento e Energia afirma que o projeto que está na Assembléia amplia a área de atuação de todas as empresas do setor, adequando o Estado à nova legislação.

Tiroteio

Já foi dado o maior chute da Copa de 2014. E muito provavelmente a bola vai para fora.


Do deputado federal DR. ROSINHA (PT-PR) sobre Ricardo Teixeira, presidente da CBF, segundo quem o Mundial a ser realizado no Brasil prescindirá de recursos públicos.

Contraponto

Íntimo e pessoal

Durante a apresentação do relatório de Kátia Abreu sobre a emenda que prorroga o imposto do cheque, Wellington Salgado derramou elogios aos gráficos exibidos pela senadora. De tão impressionado, indagou, ao final da leitura, por que eles não constavam do material distribuído.
-Queremos saber se teremos acesso às transparências da senadora Kátia Abreu-, disse o peemedebista.
Foi a senha para a intervenção de Ideli Salvatti:
-Que história é essa?-, perguntou a líder do PT.
Ao lado de Salgado, o tucano Cícero Lucena atestou:
-É que ele se apaixonou pelas transparências dela...


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