São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Lula propõe criar "Conselho de Segurança paralelo" na ONU

Presidente faz sugestão de reforma das Nações Unidas ao seu secretário-geral

Idéia é que grupo atue como órgão auxiliar para resolver conflitos; Ban Ki-moon tomou nota da proposta, mas não deu sua opinião

Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente Lula recebe em almoço no Itamaraty o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que faz sua primeira visita ao Brasil

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem ao secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, a criação de um grupo informal de países emergentes que funcionaria como um Conselho de Segurança paralelo. O objetivo seria auxiliar na mediação de conflitos, como o do Oriente Médio.
Ban nada respondeu sobre a proposta, apenas tomou nota. A sugestão foi feita por Lula durante um almoço com o secretário-geral ontem, no Itamaraty. De acordo com o relato de alguns convidados, Lula criticou a atuação de alguns países que participam de diálogos de negociação ao mesmo tempo em que estão envolvidos no próprio conflito.
Ainda segundo esses relatos, Lula citou como exemplo o fato de os EUA tentarem promover a paz entre israelenses e palestinos enquanto invadem o Iraque. "Para ter avanços é preciso ter idéias novas e interlocutores novos podem trazer essas idéias novas", disse o chanceler Celso Amorim. Segundo ele, Lula lembrou o Grupo de Amigos da Venezuela, criado por iniciativa do Brasil após um golpe frustrado contra o presidente Hugo Chávez em 2002.
Segundo apurou a Folha, Lula mencionou o Brasil, a Índia e a África do Sul como possíveis integrantes do Conselho de Segurança paralelo. O Brasil tem tentado, sem sucesso, uma cadeira no Conselho de Segurança, instância com maior poder de decisão na ONU.
A reforma do Conselho de Segurança da ONU e uma maior participação do Brasil em forças de paz do organismo também foram discutidos.
O secretário-geral pediu, ainda, o auxílio logístico prometido pelo Brasil para a futura força de intervenção que atuará na região de Darfur, no Sudão. Ban teria pedido o uso de seis helicópteros militares. Lula, segundo relatos de participantes, disse que a operação precisa de aval do Congresso.
A missão foi aprovada pelo Conselho de Segurança em agosto. Será composta de 26 mil homens e custará US$ 2 bilhões no primeiro ano. Mais de 200 mil pessoas já morreram na guerra civil travada por terra e água. Os militares brasileiros participam hoje de seis missões de paz da ONU.
Lula e Ban também falaram sobre a criação de mecanismos de compensação aos países que reduzirem emissões de gases relacionados ao efeito estufa.
Em encontro à noite com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em Belém (PA), o secretário-geral ouviu o pedido de ajuda política para a redução do desmatamento e a preservação da biodiversidade. Segundo Marina, ele manifestou uma "preocupação geral" em relação a mudanças climáticas. Ban chegou ao Brasil no domingo e deixa hoje o país. Ontem, ele não concedeu entrevistas.


Colaborou a Agência Folha, em Belém

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