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CONGRESSO
Projeto estende privilégio para ex-autoridades
Senado aprova urgência e poderá votar foro privilegiado na segunda
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado poderá votar na próxima segunda-feira o projeto de
lei que amplia o foro privilegiado
de julgamento de autoridades,
para abranger também os casos
de ações por improbidade administrativa, hoje a cargo da Justiça
comum. O projeto também estende o foro privilegiado para as ex-autoridades, se acusadas de praticar ato de improbidade quando
no exercício do cargo.
Pela legislação atual, presidente
da República, ministros, governadores, secretários de Estado e prefeitos têm direito a foro especial
de julgamento -respectivamente, STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tribunal de
Justiça), Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos
Estados e Distrito Federal- apenas quando estão no cargo e somente em caso de crimes comum
e de responsabilidade.
Já aprovado pela Câmara, o
projeto chegou ontem ao Senado
e, no mesmo dia, o plenário aprovou requerimento dando urgência à tramitação, apresentado pelo vice-líder do governo, senador
Romero Jucá (PSDB-RR). A pressa do governo se justifica pelo interesse em preservar o presidente
Fernando Henrique Cardoso de
eventuais ações por improbidade
após o fim do seu mandato.
O projeto só irá a votação na segunda se houver quórum (41 senadores). O PT é contra a proposta e pretende usar mecanismos
regimentais para evitar sua aprovação. O mais comum é exigir a
contagem dos votos no painel
(não havendo quórum, a sessão
cai).
O vice-líder do PT no Senado,
Tião Viana (AC), disse que o partido é contra o projeto "por uma
questão de princípio", apesar de o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, ao deixar o cargo, tornar-se um dos beneficiados. "Não há
nada que faça o PT votar a favor. É
um projeto que cria privilégios e
isso fere o conceito de um Estado
democrático e de direito que esteja sendo pautado pelo princípio
da equidade."
Mordaça
Com a possibilidade de aprovação dessa proposta, o vice-líder
do governo FHC desistiu da luta
pelo projeto de lei que proíbe
membros do Ministério Público,
magistrados e autoridades policiais a divulgar informações sobre
processos em andamento -a
chamada "Lei da Mordaça". Enviado pelo Executivo ao Congresso em 96, esse projeto também
contém um dispositivo que amplia o foro privilegiado para ex-autoridades.
A "Lei da Mordaça" e o projeto
do foro privilegiado são combatidos pelas entidades representativas dos membros do Ministério
Público e dos magistrados.
Para a AMB (Associação dos
Magistrados Brasileiros), o foro
privilegiado "prejudica o princípio do juiz natural, inibe a manifestação plural dos membros da
magistratura e restringe a atuação
dos juízes de primeiro grau".
Hoje, as ações de improbidade
contra autoridades são julgados
por juízes de primeira instância.
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