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RORAIMA
Governador acusado no caso dos "gafanhotos" diz que se afastou em nome da "transparência" e para "poupar" petistas
Flamarion pede afastamento do PT por 90 dias
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Roraima, Flamarion Portela, 48, pediu ontem
"afastamento" por 90 dias do PT
alegando querer "poupar" a direção petista. Flamarion é um dos
alvos da força-tarefa que apura o
chamado "escândalo dos gafanhotos". Investigado também sob
a acusação de suposto crime eleitoral e de improbidade administrativa, o político corre risco de ter
seu mandato cassado.
Filiado ao PT desde março deste
ano por convite, segundo ele mesmo, de Silvio Pereira (secretário
Nacional de Articulação do PT),
de José Genoino (presidente da sigla) e do ministro José Dirceu
(Casa Civil), Flamarion se sentiu
pressionado a se afastar da sigla,
em nome da "transparência".
"Quero poupar de constrangimentos a direção do partido, bem
como meus companheiros e companheiras, e favorecer uma investigação minuciosa, serena e imparcial que esclareça os fatos, puna os responsáveis e tranquilize a
opinião pública", declarou o governador, em carta enviada ao Diretório Nacional do PT.
No caso dos "gafanhotos", esquema fraudulento que pode ter
desviado mais de R$ 230 milhões
dos cofres públicos do Estado e da
União, Flamarion teria sido conivente e sustentado o golpe por pelo menos nove meses. Depoimentos e documentos em poder da
Procuradoria da República demonstrariam o seu envolvimento.
A fraude consistiria na utilização de funcionários fantasmas (os
"gafanhotos", que "comiam" a folha de pagamento) para o enriquecimento de pelo menos 30 autoridades roraimenses. O suposto
mentor do golpe, o ex-governador Neudo Campos (PP), 55, chegou a ficar preso por dez dias.
Um processo que tramita no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
investiga o governador por suposto abuso de poder econômico
nas eleições de 2002, quando ainda era do PSL, o que pode resultar
na cassação do mandato.
Flamarion também poderá responder na Justiça por improbidade administrativa no uso de recursos de convênios do Estado
com a União e por gastos supostamente descontrolados em contratos do governo.
O governador sempre negou todas as irregularidade e afirmou
que tomou e está tomando medidas para "moralizar" o Estado.
Esperança
A Agência Folha apurou que
Flamarion esperou que a direção
petista avaliasse ontem pela manhã o conteúdo da carta de afastamento escrita por ele, em conjunto com membros do diretório regional petista em Boa Vista, para
anunciar sua decisão.
Como não houve reação contrária ao desligamento temporário,
uma das esperanças do governador, ele resolveu divulgar o ato.
Flamarion estava incomodado e
sentia-se pressionado pelas críticas de petistas que acreditavam
ser absurda sua manutenção na
sigla no momento em que se define a expulsão da senadora Heloísa Helena (AL).
"Aguardo desfecho dos acontecimentos, sem gerar incômodos
aos meus companheiros e companheiras de legenda, que tanto
admiro e respeito. Quero, mais do
que ninguém, o esclarecimento
cabal dos fatos", diz a carta. Ontem, ele estava em Manaus (AM)
para tratar de uma hérnia de disco
e não concedeu entrevista.
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