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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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NEO-OPOSIÇÃO

Miro Teixeira não diz se fica em Comunicações

PDT decide romper com governo; filiados devem deixar seus cargos

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A Executiva Nacional do PDT decidiu ontem romper com o governo Lula, decisão tomada em reunião no Rio. Os filiados que ocupam cargos no governo federal devem pedir exoneração, segundo a decisão do partido.
O pedetista com cargo mais alto no governo é o ministro das Comunicações, Miro Teixeira. Segundo o presidente do partido, Leonel Brizola, os que ficarem no governo sofrerão as punições previstas no estatuto do PDT, que vão de suspensão à expulsão.
"Há uma exigência do partido para que esses companheiros que estão no governo se afastem logo do governo Lula-PT", disse Brizola. "Eu não acredito que esses companheiros permaneçam."
A reunião de quase quatro horas teve a participação de 213 membros da Executiva Nacional. Três votaram contra o rompimento, definido pelos dirigentes como "independência" do PDT em relação ao governo. Ao ser questionado sobre a diferença entre independência e ruptura, Brizola disse: "Precisamos ser duros sem perder a ternura".
Segundo Brizola, o partido não dará "apoio inconstitucional" nem fará "oposição sistemática".
Sobre se o PDT ficaria isolado com a ruptura, conforme afirmou o diretor regional de Goiás, Euler Ivo, Brizola respondeu: "Antes só do que mal acompanhado".
Ontem também ficou decidido que o partido terá candidatos a prefeito em todas as capitais do país, nas eleições de 2004. Além de Miro Teixeira, o PDT ocupa as presidências dos Correios (Aírton Dipp) e da Itaipu Binacional (Nelton Friedrich) e uma direção na Petroquisa (Vivaldo Barbosa).
Um dos momentos mais tensos da reunião foi quando Barbosa defendeu que os pedetistas não precisassem pedir exoneração. Ele defendeu a permanência de Miro Teixeira, porque "não há o que reclamar dele".
Brizola rebateu: "Dói nos meus ouvidos ouvir uma coisa dessas", reclamando da ausência do ministro na reunião. Barbosa provocou a discussão minutos antes da votação. Ele, que defendeu sua permanência na Petroquisa, foi obrigado a se calar a pedido de Brizola e de Carlos Lupi, vice-presidente do partido.
Miro Teixeira não respondeu se ficará ou não no ministério após a decisão do PDT. Apesar de ter sido questionado objetivamente, por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro optou por divulgar uma nota enigmática:
"Reafirmo meu apoio ao presidente Lula. Faço-o como cidadão e parlamentar. O exercício do ministério é eventual e pode ser interrompido a qualquer momento e por qualquer razão. Permanente é a convicção de que o Brasil precisa mudar e a certeza de que Lula significa mudança".
Após a divulgação da nota, a assessoria do ministro foi novamente questionada sobre seu significado e, em resposta, afirmou que a nota era de interpretação livre dos jornalistas.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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