São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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"Risco político" ainda é ameaça, diz FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em São Paulo, que "o risco maior hoje no Brasil é político, e não econômico" e que ainda existe a possibilidade de comportamentos políticos "extravagantes", "que não são propriamente de responsabilidade democrática".
FHC, que chegou a usar a palavra "populismo" e depois a descartou -argumentando que não era precisa o suficiente-, disse a empresários e executivos, reunidos pelo Banco Privado Português para a sua palestra, que a existência dessa possibilidade "pode ainda significar algumas piruetas -com as melhores intenções e os piores resultados".
O tucano não citou diretamente o governo Lula, mas, ao comentar outro aspecto de sua análise sobre o tal "risco político" -a falta de "convergências fundamentais" levadas adiante pelos diferentes governos-, fez críticas à "paralisação" da ação das agências reguladoras e das negociações sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) na atual gestão.
Sobre as agências, afirmou que "está havendo certamente aí uma penetração político-partidária, com nomeações e tudo mais".
Além disso, há "indecisões", disse FHC, referindo-se particularmente a assuntos de política externa, que "perturbam o nosso futuro". Segundo ele, governo e país ainda não decidiram "como é que vamos jogar nesse tabuleiro internacional". "A Alca, por exemplo", ele disse, afirmando que o "senso comum" vê o Mercosul com simpatia e a área das Américas -cuja negociação saiu das prioridades do Itamaraty na gestão Lula- com desconfiança.
"Quais são os nossos interesses? Para onde vão nossas exportações?", questionou. "Às vezes ficamos naquela dúvida em que vi Portugal, e que Portugal resolveu: saber se vai ser cabeça da África ou parte da Europa."
O sociólogo, que fez duros ataques a Lula neste ano, pregou que se evitem "processos de deterioração" política e de divisão do país. (RAFAEL CARIELLO)


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