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MEMÓRIA
Deputado federal, que tinha câncer no pâncreas, será enterrado hoje
Ricardo Fiuza morre em Recife
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Morreu ontem em Recife (PE)
o deputado federal Ricardo Fiuza (PP-PE), 66. O parlamentar
sofria de câncer no pâncreas e estava licenciado da Câmara havia
seis meses para tratamento médico. Fiuza morreu à tarde, no
apartamento onde morava, em
Boa Viagem (zona sul). O corpo
seria velado até a madrugada de
hoje na Assembléia Legislativa e,
depois, levado à capela do cemitério Morada da Paz, em Paulista
(Grande Recife). O enterro está
marcado para as 11h. Fiuza era
casado e tinha quatro filhos.
O deputado, que era advogado
e pecuarista, nasceu em Fortaleza (CE), mas construiu sua carreira política em Pernambuco.
Estava em seu oitavo mandato
como deputado federal.
De perfil conservador, iniciou
sua trajetória em 1971, durante a
ditadura militar, filiado à Arena.
Depois, militou no PDS, PFL e
PPB (atual PP). No PFL, foi o relator do novo Código Civil.
No governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), foi um
dos mais ativos integrantes da
"tropa de choque" contra o impeachment do então presidente,
ao lado do ex-deputado federal
Roberto Jefferson (PTB-RJ).
O deputado comandou os ministérios da Ação Social e da Casa Civil de Collor, em 92, mas teve seu prestígio político abalado
por denúncias de corrupção.
O parlamentar foi acusado de
receber um jet-ski de presente da
empreiteira OAS e US$ 100 mil
da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) para financiar
sua campanha eleitoral em 1990.
Também foi acusado de incluir
emendas no Orçamento Geral da
União, após a aprovação pelo
Congresso. Denunciado na CPI
do Orçamento, em 1993, foi absolvido pelo plenário.
Um de seus maiores desafetos
à época foi o ex-deputado federal
José Dirceu (PT-SP). O petista
pediu a cassação sumária de Fiuza, mesmo sem provas conclusivas contra ele.
Após perder o próprio mandato, acusado de envolvimento no
suposto esquema do "mensalão", Dirceu afirmou ter cometido "um dos maiores erros" da
sua vida ao pedir a cassação de
Fiuza e declarou que havia se
desculpado com o deputado.
A reconciliação de Fiuza com o
PT, entretanto, já havia ocorrido
meses antes. No dia 21 de julho,
durante passagem por Recife, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva visitou o parlamentar, já
enfermo, em seu apartamento à
beira-mar e recebeu uma imagem de Santa Bárbara, tida como
protetora dos desesperados.
Ontem, em nota divulgada para a imprensa, Lula disse receber
"com pesar a notícia da morte do
deputado Ricardo Fiuza", com
quem tinha, segundo ele, "uma
relação leal e respeitosa no decorrer dos trabalhos do Congresso Constituinte".
O suplente Salatiel Carvalho
(PMDB) vai assumir a vaga de
Ricardo Fiuza.
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