São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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MEMÓRIA

Deputado federal, que tinha câncer no pâncreas, será enterrado hoje

Ricardo Fiuza morre em Recife

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Morreu ontem em Recife (PE) o deputado federal Ricardo Fiuza (PP-PE), 66. O parlamentar sofria de câncer no pâncreas e estava licenciado da Câmara havia seis meses para tratamento médico. Fiuza morreu à tarde, no apartamento onde morava, em Boa Viagem (zona sul). O corpo seria velado até a madrugada de hoje na Assembléia Legislativa e, depois, levado à capela do cemitério Morada da Paz, em Paulista (Grande Recife). O enterro está marcado para as 11h. Fiuza era casado e tinha quatro filhos.
O deputado, que era advogado e pecuarista, nasceu em Fortaleza (CE), mas construiu sua carreira política em Pernambuco. Estava em seu oitavo mandato como deputado federal.
De perfil conservador, iniciou sua trajetória em 1971, durante a ditadura militar, filiado à Arena. Depois, militou no PDS, PFL e PPB (atual PP). No PFL, foi o relator do novo Código Civil.
No governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), foi um dos mais ativos integrantes da "tropa de choque" contra o impeachment do então presidente, ao lado do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
O deputado comandou os ministérios da Ação Social e da Casa Civil de Collor, em 92, mas teve seu prestígio político abalado por denúncias de corrupção.
O parlamentar foi acusado de receber um jet-ski de presente da empreiteira OAS e US$ 100 mil da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) para financiar sua campanha eleitoral em 1990.
Também foi acusado de incluir emendas no Orçamento Geral da União, após a aprovação pelo Congresso. Denunciado na CPI do Orçamento, em 1993, foi absolvido pelo plenário.
Um de seus maiores desafetos à época foi o ex-deputado federal José Dirceu (PT-SP). O petista pediu a cassação sumária de Fiuza, mesmo sem provas conclusivas contra ele.
Após perder o próprio mandato, acusado de envolvimento no suposto esquema do "mensalão", Dirceu afirmou ter cometido "um dos maiores erros" da sua vida ao pedir a cassação de Fiuza e declarou que havia se desculpado com o deputado.
A reconciliação de Fiuza com o PT, entretanto, já havia ocorrido meses antes. No dia 21 de julho, durante passagem por Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o parlamentar, já enfermo, em seu apartamento à beira-mar e recebeu uma imagem de Santa Bárbara, tida como protetora dos desesperados.
Ontem, em nota divulgada para a imprensa, Lula disse receber "com pesar a notícia da morte do deputado Ricardo Fiuza", com quem tinha, segundo ele, "uma relação leal e respeitosa no decorrer dos trabalhos do Congresso Constituinte".
O suplente Salatiel Carvalho (PMDB) vai assumir a vaga de Ricardo Fiuza.


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