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RIO DE JANEIRO
Garotinho vai deixar dívidas para Benedita
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
O PT vai ter que fazer cortes em
metade do programa de obras do
Estado do Rio, a partir de abril,
quando o partido assume o governo, com a vice-governadora
Benedita da Silva. O programa é
estimado em R$ 1,5 bilhão.
Benedita ocupará o cargo que
será deixado por Anthony Garotinho (PSB), pré-candidato à Presidência da República. Os petistas e
o governador romperam politicamente desde o início de 2000, depois de uma série de crises.
Os cálculos de cortes foram feitos pelo grupo de transição que
assessora a vice-governadora. Levam em consideração a necessidade de pagar R$ 580 milhões de
uma sentença judicial favorável
aos professores do Estado do Rio
e despesas ainda não pagas do
ano passado com o Rioprevidência (fundo de pensão do funcionalismo estadual) que já atingiram R$ 208 milhões.
A sentença judicial, tomada em
última instância, é resultado de
uma ação iniciada em 1996, na
qual os professores fluminenses
reclamam ressarcimento pela interrupção no pagamento de benefícios à categoria.
Garotinho, ao elaborar o Orçamento para este ano, não previu a
necessidade de fazer o pagamento
do montante estimado na sentença. Segundo ele, foram os próprios deputados petistas que tomaram a iniciativa de fazer uma
emenda determinando a quitação. "Agora cabe a eles escolherem o que cortar", disse o governador. Para ele, a sentença não estabelecia data para o pagamento.
Assim poderiam ter sido negociados prazos mais longos.
Esse dinheiro, avalia José Augusto Valente, que assessora Benedita na análise da situação financeira do Estado, terá que sair
de cortes em investimentos, devendo afetar programas como o
Nova Baixada (que urbaniza municípios da região metropolitana
do Rio de Janeiro) e convênios de
obras com prefeituras do interior.
Ao deixar a decisão sobre os
cortes para o PT, Garotinho quer
transferir para o partido o ônus
político de uma decisão que vai
afetar a população que seria beneficiada pelas obras.
Os petistas do Rio querem
transformar a gestão de Benedita
em um palanque para a campanha do partido à Presidência e para a candidatura dela mesma à
continuidade no governo.
Evangélicos
Garotinho e Benedita se apresentam como políticos evangélicos e estão estremecidos desde
que o governador acusou sua vice
de ter participado do desvio de
cerca de R$ 500 mil que seriam
destinados por uma empresa privada a um programa social do Estado. A vice-governadora sempre
negou qualquer irregularidade.
O processo de transição vai começar apenas depois do Carnaval, na segunda semana de fevereiro, cerca de 50 dias antes da
posse de Benedita. Ela considera o
prazo satisfatório para tomar conhecimento de todos os detalhes
da administração. "Por enquanto
estamos buscando informações,
não queremos parecer um governo paralelo ao de Garotinho", diz.
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