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Para Cabral, Serra é brilhante economista
Governador afirma que, em 2010, apoiará quem estiver "mais próximo do Rio de Janeiro" e faz elogio ao colega tucano
Peemedebista diz que, para
ele, Presidência está "fora
de cogitação" e, sem dar
prazo, promete "adequar"
o Estado em sua gestão
DA SUCURSAL DO RIO
Na continuação da entrevista
à Folha, Sérgio Cabral exemplifica a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
fala com o colega José Serra
[governador de São Paulo, do
PSDB] ao telefone e recebe
uma visita da primeira-dama.
FOLHA - Na posse do sr., havia uma
faixa em que estava escrito "Futuro
presidente". Seu projeto é "passar a
perna" em Serra e em Aécio Neves?
CABRAL - Presidente do Vasco.
Não tenho a menor intenção
[de ser presidente da República]. Está completamente fora
de cogitação. Penso em fazer
um grande governo aqui, sem
olhar o calendário eleitoral, até
dia 31 de dezembro de 2010.
FOLHA - Nessa data, de quem o sr.
vai estar mais próximo: de Lula ou
de Serra/Aécio?
CABRAL - De quem estiver mais
próximo do meu Rio de Janeiro. Agarrado com meu Rio.
FOLHA - Um pragmático.
CABRAL - Sou um pragmático.
Isso é fundamental. Vou contar
um episódio que vale a pena.
Sexta, eu liguei para o presidente Lula. Liguei para o ministro
Pedro Brito [Integração Nacional]. "Ministro, chuvas no Rio
de Janeiro. Friburgo é a cidade
com mais problemas." Domingo, estarei aí, me disse. Pego helicóptero com ele. Ele fica chocado. Reuni mais de 20 prefeitos, cada um relatando seu drama. Pego um helicóptero, volto
para o Rio. Pousei às 19h40.
FOLHA - Mas o sr. não conseguiu o
que queria com a Força Nacional e as
Forças Armadas. Pediu tropas para a
capital e queria que as Forças Armadas patrulhassem no entorno dos
quartéis. Nada disso vai acontecer.
CABRAL - A Força Nacional vai
começar pela divisa e vir para a
capital gradativamente. Vai ser
excelente ter a divisa segura.
[Toca o telefone. O governador José Serra está na linha.]
Alô. É. Pois não... Meu líder,
tudo bem? E aí? [...] Estou aqui
com o pessoal da Folha batendo papo. [Ouve] Eles fazem
muita intriga, é? Estava falando da nossa reunião. Perguntaram o que mudou, porque você
teria chegado ao aeroporto falando num tom e a nossa nota
teria outro. [Ouve] Você falou
exatamente a mesma coisa...
Exatamente o que diz a nossa
nota... Tem que ter cuidado
com esse pessoal, né? [Desliga
o telefone] A entrevista já vem
com o outro lado. O Serra é um
brilhante economista. E ele
curte imprensa.
[Voltando ao Lula] Domingo
à noite, sabendo que o Lula estava no Guarujá, decidi ligar
para o Alvorada. Se ele achar
importante e quiser me atender, vão localizá-lo e ele me liga
de volta. Não deu três minutos:
[Imitando a voz do presidente]
"Sérgio, sou eu. O que você
manda?" Eu disse a situação
das chuvas. Ele: [imitando] "Ligue para o Paulo Bernardo
amanhã". No dia seguinte, pá:
R$ 80 milhões!
FOLHA - O sr. disse que acredita
que, em seis meses, o Estado do Rio
estará melhor. Não é vago demais
para quem fala tanto em gestão?
CABRAL - Serviços públicos melhores. Hospitais em melhores
condições, segurança pública
funcionando melhor, o Estado
se adequando. Isso é um processo, é um gerúndio.
FOLHA - Como quantificar?
CABRAL - É um gerúndio, não
tem um prazo determinado.
Você tem de qualificar o processo e acompanhar o processo. É difícil mensurar. O grande
trabalho é arrumar a casa.
FOLHA - O Rio tem cerca de 6.000
homicídios por ano. Se o sr. não reduzir esse número em seis meses,
pode-se dizer que sua política de segurança para o período fracassou?
CABRAL - Não. Pode-se dizer
que a nossa política de segurança precisa melhorar, não que
fracassou.
[A primeira-dama Adriana
Ancelmo entra no gabinete do
governador, acompanhada de
uma prima.]
Oi, minha riqueza.
ADRIANA - Passei aqui só para
te dar um alô. Já estou indo.
CABRAL - Tá bom.
[Beijam-se rapidamente. O
repórter faz sinal para o fotógrafo, que não consegue registrar o beijo]
Dá um beijo aqui para a Folha. [Afirma pedindo que a primeira-dama repetisse o gesto]
ADRIANA - Não, não, não!
CABRAL - Dá um beijo aqui, riqueza minha. Dá um beijo [desta vez, com o fotógrafo a postos].
ADRIANA - Ai, que vergonha!
Eles vão dizer que o governador
não trabalha não, fica só fazendo graça, aí. [Risos.]
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