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Filhos de políticos exilados são indenizados
Descendentes de Prestes, Jango e Brizola vão receber cerca de R$ 100 mil cada um; ao todo, 16 processos foram deferidos
Paulo Abraão, presidente da Comissão de Anistia, disse que defende a criação da comissão da verdade para apurar violações de direitos
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu ontem conceder anistia aos filhos
de três personagens da história
política do país. Um filho do líder comunista Luiz Carlos
Prestes, dois filhos do ex-presidente João Goulart e três do ex-governador Leonel Brizola terão direito a receber uma reparação, em parcela única, de
aproximadamente R$ 100 mil.
Exilado aos 9 anos de idade,
Luiz Carlos Ribeiro Prestes, 50,
1 dos 10 filhos de Luiz Carlos
Prestes, viveu com a família na
antiga União Soviética por cerca de 15 anos: "Não há reparação que apague o fato de uma
criança ter de visitar o pai de
olhos vendados e só poder conviver com ele umas poucas horas". Ele estudou cinema na
União Soviética, mas disse que,
até hoje, não conseguiu a validação de seu diploma no Brasil.
Ele espera que a condição de
anistiado facilite esse processo.
Os filhos de João Goulart
-João Vicente Fontella Goulart e Denise Fernandes Goulart- também participaram da
sessão na Comissão de Anistia.
Ao todo, 16 processos foram
julgados e deferidos ontem, como o da jornalista Angela Lucena, 43. Ela e os dois irmãos viram, ainda crianças, o pai ser
assassinado com um tiro na cabeça. Passaram cerca de dez
anos com a mãe, Damaris Lucena, no exílio em Cuba. "Não somos pessoas amargas, mas é
preciso não esquecer que existiu tortura neste país", disse.
O presidente da Comissão de
Anistia, Paulo Abraão, aproveitou o evento para apoiar a posição do ministro dos Direitos
Humanos, Paulo Vannuchi, sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos. Ele disse ser
favorável à abertura dos arquivos do regime militar e à criação da comissão da verdade.
Para o presidente do Superior Tribunal Militar, Carlos
Alberto Soares, as reparações
deveriam abranger também as
famílias de militares: "Há família de sargento que morreu em
1964 que nunca recebeu reparação econômica. Isso deveria
valer para todos os lados".
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