São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Preço não é fator decisivo para escolher caça, diz Lula

Segundo o presidente, o que está em discussão é a "soberania do nosso país"

Incomodado com vazamento de dados da negociação, ele afirma que foi o "único que ficou em silêncio" porque é quem tem "poder de decidir"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o preço das propostas apresentadas para a compra de 36 caças pelo Brasil não é fator determinante para sua escolha. Afirmou que sua decisão vai levar em conta a soberania tecnológica e a do país.
"Essa questão do caça não é uma questão comercial comum, não é um acordo apenas econômico: "Vou comprar um porque é mais barato". Não. Estamos tentando mostrar para a sociedade brasileira que estamos discutindo a soberania do nosso país, inclusive a soberania tecnológica", afirmou.
A polêmica em torno dos caças vem se arrastando desde o ano passado. Em setembro, Lula chegou a assinar uma carta de intenção de compra do francês Rafale, da Dassault, durante visita do presidente Nicolas Sarkozy ao Brasil.
No início do mês, a Folha revelou o conteúdo do relatório da FAB (Força Aérea Brasileira) apontando preferência dos militares pelo caças suecos Gripen NG, fabricados pela Saab. O "sumário executivo" do relatório da FAB, com as conclusões finais das mais de 30 mil páginas de informações, apontou o fator financeiro como decisivo para a classificação do caça sueco.
Lula se mostrou incomodado com o vazamento de informações sobre os caças.
"O único que ficou em silêncio até agora fui eu, e fiquei em silêncio porque sou eu que tenho o poder de decidir. E quem tem o poder de decidir tem mais responsabilidade, não fala o que quer, fala o que pode", afirmou ele.
"Eu disse hoje [ontem] ao meu ministro da Defesa [Nelson Jobim] que ele vai me apresentar um relatório. Quando esse relatório for apresentado, eu tomarei a iniciativa de convocar o Conselho de Defesa, tomarei a iniciativa de iniciar um debate no Congresso."
O presidente afirmou ainda que não tem prazo para decidir sobre a aquisição dos caças e que a questão se arrasta desde o governo Fernando Henrique.


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