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Ex-vítima da ditadura, Vannuchi foi redator do dossiê "Brasil Nunca Mais"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando Paulo Vannuchi,
59, foi nomeado secretário
de Direitos Humanos, em
2005, tinha no currículo sólida carreira como operador
político em sindicatos e no
PT e forte ligação com Lula.
Experiência na área que comandaria não pesou tanto.
Não que Vannuchi fosse
um neófito. Preso e torturado no regime militar, foi um
dos redatores do dossiê
"Brasil Nunca Mais", a mais
completa compilação sobre
a repressão no período. Mas
o ministro estava longe de
ser uma referência na área.
"Ele é um quadro político,
tipo Zé Dirceu. Um Zé Dirceu mais discreto", diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), de quem Vannuchi foi
assessor na Câmara de SP.
"O Paulo nunca buscou os
holofotes. Prefere os bastidores", diz Frei Betto, amigo
do ministro há 40 anos.
Natural de São Joaquim da
Barra (SP), Vannuchi começou a militância estudantil
em 1969, na Faculdade de
Medicina da USP. Lá, aderiu
à Ação Libertadora Nacional, um dos principais grupos de resistência ao regime.
Logo foi preso e levado ao
antigo Carandiru, onde ajudou a organizar uma greve
de fome por melhores condições carcerárias e bolou um
engenhoso esquema de comunicação com o mundo exterior: "A gente tirava o fumo
dos cigarros e colocava no lugar papel de seda com mensagens. Em cada maço entregue a um visitante cabia um
livro", diz o deputado José
Genoino (PT-SP), que dividiu a prisão com Vannuchi.
Após sair da cadeia, em
1976, Vannuchi trabalhou
para Comunidades Eclesiais
de Base da Igreja. Nos anos
80, Vannuchi mergulhou na
rotina do PT, ao qual é fliliado, e ganhou a confiança de
Lula. Participou da coordenação de suas campanhas
presidenciais e presidiu o
Instituto Cidadania. Sob o
comando de Vannuchi nasceu, por exemplo, o Fome
Zero, entre outros projetos.
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