São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Ex-vítima da ditadura, Vannuchi foi redator do dossiê "Brasil Nunca Mais"

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando Paulo Vannuchi, 59, foi nomeado secretário de Direitos Humanos, em 2005, tinha no currículo sólida carreira como operador político em sindicatos e no PT e forte ligação com Lula. Experiência na área que comandaria não pesou tanto.
Não que Vannuchi fosse um neófito. Preso e torturado no regime militar, foi um dos redatores do dossiê "Brasil Nunca Mais", a mais completa compilação sobre a repressão no período. Mas o ministro estava longe de ser uma referência na área.
"Ele é um quadro político, tipo Zé Dirceu. Um Zé Dirceu mais discreto", diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), de quem Vannuchi foi assessor na Câmara de SP.
"O Paulo nunca buscou os holofotes. Prefere os bastidores", diz Frei Betto, amigo do ministro há 40 anos.
Natural de São Joaquim da Barra (SP), Vannuchi começou a militância estudantil em 1969, na Faculdade de Medicina da USP. Lá, aderiu à Ação Libertadora Nacional, um dos principais grupos de resistência ao regime.
Logo foi preso e levado ao antigo Carandiru, onde ajudou a organizar uma greve de fome por melhores condições carcerárias e bolou um engenhoso esquema de comunicação com o mundo exterior: "A gente tirava o fumo dos cigarros e colocava no lugar papel de seda com mensagens. Em cada maço entregue a um visitante cabia um livro", diz o deputado José Genoino (PT-SP), que dividiu a prisão com Vannuchi.
Após sair da cadeia, em 1976, Vannuchi trabalhou para Comunidades Eclesiais de Base da Igreja. Nos anos 80, Vannuchi mergulhou na rotina do PT, ao qual é fliliado, e ganhou a confiança de Lula. Participou da coordenação de suas campanhas presidenciais e presidiu o Instituto Cidadania. Sob o comando de Vannuchi nasceu, por exemplo, o Fome Zero, entre outros projetos.


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