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BAHIAGATE
Governistas avaliam que Congresso terá de investigar caso dos grampos na Bahia se a polícia não apontar os mandantes
Líderes do PT já admitem abertura de CPI
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes do PT e do governo no
Congresso disseram ontem que,
se as investigações sobre o grampo na Bahia não chegarem aos
mandantes, poderão ressuscitar a
idéia de abrir uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito).
O pedido de CPI, levantado no
começo da semana pelo deputado
Nelson Pellegrino (BA), líder do
PT na Câmara e um dos grampeados, foi abafado pelo Palácio do
Planalto por dois motivos.
Um deles é evitar a turbulência
típica das CPIs, que poderiam
atrapalhar as reformas. O outro
foi preservar o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA),
apontado por Pellegrino e outros
grampeados como maior suspeito de ser o mandante do crime.
O novo discurso petista surgiu
após as revelações do caso. Além
de políticos, até uma ex-amiga de
ACM e pessoas próximas a ela estavam na lista dos grampeados.
Segundo a Folha apurou, o Planalto estaria disposto a não articular em favor do senador baiano.
A história do grampo em celulares de políticos baianos veio à tona depois que o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pediu
investigação à PF. Descobriu-se,
então, que telefones de Geddel, de
Pellegrino, do ex-deputado Benito Gama e de uma conhecida de
ACM foram grampeados ilegalmente no ano passado a partir de
solicitação do governo da Bahia.
Na época, o governador era Otto
Alencar (PL), aliado de ACM.
"Não vamos aceitar isso sem
ampla elucidação", disse o senador Tião Viana (PT-AC), líder da
bancada petista no Senado. O ministro do Trabalho, Jaques Wagner (PT-BA), é mais direto. Apesar de não ter detectado número
seu na lista de telefones grampeados que o Tribunal de Justiça da
Bahia levantou, ele cobra do PT
atitudes que não protejam ACM.
"Acabamos de unificar o entendimento entre nós de que é preciso aguardar o desenrolar das investigações da Polícia Federal, dos
fatos que estão surgindo. Se, por
acaso, o curso das investigações
não for suficiente, não descartamos a constituição de uma CPI na
Câmara ou no Congresso", disse
Pellegrino, após se reunir com o
presidente do PT, José Genoino e
com os senadores Tião Viana e
Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado e no Congresso.
"As lideranças da base aliada
vão estar se esforçando para aprovar a pauta do governo, mas, se
necessário for, vamos instaurar
nesta dinâmica um processo que
envolva a restauração da legalidade, da moralidade e da ética", afirmou Pellegrino. "Não descarto
uma CPI", disse Mercadante. Na
reunião, os petistas citaram a necessidade de a PF não se limitar a
pegar os chamados "bagrinhos".
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