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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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REAÇÃO TUCANA

Ex-presidente diz que programas sociais demandam "muito trabalho"

Combate à fome exige mais do que slogans, afirma FHC

ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em Madri, para 50 autoridades, entre elas o ex-primeiro-ministro socialista Felipe Gonzáles, que não há pessoas morrendo de fome no Brasil e que espera que o governo Lula saiba que programas sociais não se fazem com "slogans, mas com muito trabalho".
"Não há no Brasil gente que esteja "starving" [morrendo de fome]. O que existe no Brasil é um problema de subnutrição. E este problema não se resolve apenas dando comida. Precisa de muito mais. Não se pode ser demagógico. Fome Zero é algo muito chamativo, bonito, todos estamos de acordo, mas o que existem de fato são processos mais complicados", declarou FHC, ao responder uma das questões feitas na audiência.
FHC citou os programas de seu governo, como o Bolsa-Escola, para explicar que visavam promover em conjunto uma transferência de renda para os mais pobres. "Devo dizer que apenas com a estabilização da moeda diminuímos em 10 milhões o número de pobres no Brasil", afirmou.
"A questão é muito mais complicada do que dizer "eu vou terminar com a fome'", continuou. "Vamos ver. Bom trabalho. Mas para terminar com a fome é preciso que todos os programas sociais já em marcha confluam e é necessário que existam taxas de crescimento aceitáveis para aumentar a densidade de emprego, o que depende da taxa de juros, que depende da relação com a taxa de juros do Tesouro americano, que depende de muitas outras coisas que fazem dano aos mais pobres. Enfim, a luta contra pobreza é uma luta pela reforma global."
FHC não quis comentar as declarações feitas pelo presidente Lula de que recebeu o Brasil numa situação "gravíssima".
O ex-presidente apenas sorriu para os repórteres, um tanto surpreendido, e respondeu: "Eu espero que ele [Lula] tenha sorte e resolva a situação no governo dele". Os comentários de FHC em relação ao Fome Zero foram os únicos a respeito de política interna brasileira na conferência que deu em Madri, promovida pelo Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Exterior.
Foi o último programa de FHC na capital espanhola, onde ele veio assumir as funções de presidente do Clube de Madri.


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