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REAÇÃO TUCANA
Ex-presidente diz que programas sociais demandam "muito trabalho"
Combate à fome exige mais do que slogans, afirma FHC
ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em
Madri, para 50 autoridades, entre
elas o ex-primeiro-ministro socialista Felipe Gonzáles, que não
há pessoas morrendo de fome no
Brasil e que espera que o governo
Lula saiba que programas sociais
não se fazem com "slogans, mas
com muito trabalho".
"Não há no Brasil gente que esteja "starving" [morrendo de fome]. O que existe no Brasil é um
problema de subnutrição. E este
problema não se resolve apenas
dando comida. Precisa de muito
mais. Não se pode ser demagógico. Fome Zero é algo muito chamativo, bonito, todos estamos de
acordo, mas o que existem de fato
são processos mais complicados",
declarou FHC, ao responder uma
das questões feitas na audiência.
FHC citou os programas de seu
governo, como o Bolsa-Escola,
para explicar que visavam promover em conjunto uma transferência de renda para os mais pobres. "Devo dizer que apenas com
a estabilização da moeda diminuímos em 10 milhões o número
de pobres no Brasil", afirmou.
"A questão é muito mais complicada do que dizer "eu vou terminar com a fome'", continuou.
"Vamos ver. Bom trabalho. Mas
para terminar com a fome é preciso que todos os programas sociais
já em marcha confluam e é necessário que existam taxas de crescimento aceitáveis para aumentar a
densidade de emprego, o que depende da taxa de juros, que depende da relação com a taxa de juros do Tesouro americano, que
depende de muitas outras coisas
que fazem dano aos mais pobres.
Enfim, a luta contra pobreza é
uma luta pela reforma global."
FHC não quis comentar as declarações feitas pelo presidente
Lula de que recebeu o Brasil numa
situação "gravíssima".
O ex-presidente apenas sorriu
para os repórteres, um tanto surpreendido, e respondeu: "Eu espero que ele [Lula] tenha sorte e
resolva a situação no governo dele". Os comentários de FHC em
relação ao Fome Zero foram os
únicos a respeito de política interna brasileira na conferência que
deu em Madri, promovida pelo
Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Exterior.
Foi o último programa de FHC
na capital espanhola, onde ele
veio assumir as funções de presidente do Clube de Madri.
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