São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Ausência de vice é o grande obstáculo para prefeito de Manaus assumir vaga de Anderson Adauto

PL diz que Nascimento aceita Transporte

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A cúpula do PL transmitiu ao Palácio do Planalto que o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL), aceitará o convite para assumir o Ministério dos Transportes, no lugar de Anderson Adauto.
"O Alfredo Nascimento só não será ministro se não quiser. O governo já sabe disso. Ele tem de arrumar a vida dele em Manaus para dar a resposta definitiva", disse o presidente do PL, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP).
Este é o terceiro convite para que Nascimento assuma um ministério no governo Lula. Na composição do governo, em 2002, o prefeito de Manaus teve o nome cotado para as pastas da Integração Nacional e dos Transportes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já marcou viagem para Uberaba para quinta-feira, dia 19, a fim de fazer um último gesto para prestigiar Adauto em sua base eleitoral -o atual ministro deve deixar o posto após a visita para ser candidato a prefeito da cidade.
Ontem, Nascimento se reuniu com o secretariado municipal e expôs uma de suas preocupações em deixar a prefeitura: as eleições indiretas, pois o vice-prefeito, Omar Aziz (PFL), renunciou ao cargo para assumir como vice-governador do Amazonas, em 2003.
Assim, se Nascimento sair, o presidente da Câmara assume interinamente com 15 dias para convocar eleições indiretas para o cargo. O eleito administra a cidade até 31 de dezembro, quando entrega o cargo para o escolhido no pleito municipal de outubro.
Na reunião com o secretariado, Nascimento colocou quatro nomes de confiança que podem lhe suceder na administração municipal, embora qualquer cidadão que tenha domicílio eleitoral em Manaus pode disputar a eleição indireta. A escolha deverá ser feita pelos 33 vereadores de Manaus.
Segundo o vereador Fabrício Lima (PL-AM), além das eleições indiretas, Nascimento tem preocupação com a família e com uma promessa que fez aos eleitores, de que cumpriria o mandato até o final, em 31 de dezembro deste ano. "Todas as exigências que ele [Nascimento] fez ao governo para assumir o ministério foram aceitas, portanto é só uma questão de dias para ele decidir", diz Lima.
Entre essas exigências, segundo Lima, estão um orçamento de R$ 7 bilhões e a escolha dos nomes para os cargos de confiança.

Guerra interna
Na hipótese remotíssima de Nascimento desistir, haverá uma guerra interna no PL pela vaga. Essa possibilidade, porém, só reforça a articulação para que o prefeito aceite o convite do governo. Nascimento é o preferido de Lula devido ao perfil de executivo.
"O governo não poderia ter escolhido alguém melhor. O Alfredo Nascimento é o 1º vice-presidente do PL e vai aproximar o partido ainda mais do governo. É também um aliado de primeira hora de Lula", disse Costa Neto.
Na reforma ministerial, Adauto quase caiu. Ficou no posto por pura deferência de Lula a Alencar, que disse que o ministro sairia como incompetente ou suspeito de irregularidade. A cúpula do governo considera Adauto um executivo fraco e atritos na pasta comprometeram sua condição política de permanecer ministro.
Convidado na última terça-feira para substituir Adauto, Alfredo Nascimento pediu prazo de dez dias. Coincidentemente, é o tempo para a organização da visita a Uberaba e das tratativas em Manaus para tratar de sua saída sem se enfraquecer politicamente.


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