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PERFIL
Waldomiro morou com ministro, de quem é amigo há 12 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, é, há pelo menos 12 anos,
amigo, padrinho e chefe de Waldomiro Diniz da Silva, que encabeçou desde o início a lista de sua
equipe no Planalto. Foi Dirceu,
por exemplo, quem o indicou para Cristovam Buarque no governo do Distrito Federal, em 1994.
Apesar de pelo menos três testemunhos disso, o hoje senador
Buarque prefere tergiversar: "Eu
não me lembro direito. Acho que
foram lideranças do PT que me
indicaram o Waldomiro. Eu nunca o tinha visto na vida", disse.
Dirceu perdera as eleições para
o governo de São Paulo, ficaria
sem mandato e não queria deixar
ao léu o fiel assessor -com
quem, aliás, dividia o apartamento funcional de deputado. A nomeação foi um pedido do presidente do PT, e Buarque -apesar
de escapulir da confirmação-
acatou de bom grado. Hoje, diz
que Waldomiro "foi um bom assessor". Ocupou a assessoria parlamentar do governo do DF, fazendo os contatos e as negociações com a Câmara Distrital durante todo o mandato de Buarque
(1995-1998).
A história do paulista Waldomiro Diniz em Brasília começa em
1992, pelo Congresso, em plena
CPI do caso PC Farias, ou seja, da
comissão parlamentar que apurou irregularidades do governo
Fernando Collor (1990-1992).
Ex-funcionário da CEF (Caixa
Econômica Federal), demitido
num dos planos de enxugamento
de Collor, Waldomiro se tornou o
expert em contas bancárias da
CPI. E quebrava todos os sigilos
-sigilosamente, claro, como voltou a fazer ao assessorar os relatores de uma outra CPI, a do Orçamento, no ano seguinte.
Aproximou-se assim de Dirceu,
de políticos, de jornalistas e do
PT, tornando-se um dos braços
direitos do hoje ministro. Os dois
gabinetes no Planalto ficavam
próximos, questão de passos, um
andar acima do do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Quem conhece Waldomiro por
ter trabalhado com ele ou por dividir almoços e jantares informais, recita um mesmo perfil: homem elegante, muito falante, inteligente. "Desses que têm lábia",
diz um velho conhecido.
Entre o governo de Buarque e o
Planalto, Waldomiro viveu uma
curiosa dualidade. Depois de ganhar a vaga com Buarque por
causa da derrota de Dirceu em
São Paulo, ganhou vaga com Anthony Garotinho depois da derrota do próprio Buarque, que não se
reelegeu no DF, em 98. Garotinho,
então do PDT, era governador.
Waldomiro acabou em uma vaga na Representação do Rio em
Brasília, onde ajudou o governador fluminense a encontrar o caminho das pedras, sobretudo durante a renegociação da dívida do
Estado e na obtenção de verbas.
"Eu sabia tudo. Falava para ele:
"Vai na Saúde que lá tem verba. E
assim foi. Daí, ele precisou de alguém de fora para arrumar a Loterj [responsável pelas loterias no
Rio] e me chamou. Fiquei lá até o
final, inclusive nos nove meses da
Benedita", relatou recentemente o
próprio Waldomiro numa conversa informal.
Quando o PT ganhou a eleição
presidencial de 2002, Waldomiro
licenciou-se da Loterj e foi o único
assessor que acompanhou todas
as negociações de Dirceu para a
montagem do ministério. Tem na
memória todos os acertos para
distribuição de cargos entre os
partidos que apoiaram Lula ou
aderiram depois da vitória.
Nas especulações da época, chegou a ser lembrado para presidir a
CEF ou os Correios. Acabou na
Subchefia para Assuntos Parlamentares, com a missão de negociar votações com congressistas.
São muitos os depoimentos de
que "é muito competente, hábil
articulador". Num almoço na última quinta-feira, no Planalto, o
novo articulador político do governo, ministro Aldo Rebelo, comentou com amigos: "O Waldomiro foi a melhor herança do Dirceu". Horas depois, estourava o
escândalo das fitas.
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