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TODA MÍDIA
Diferenças de estilo
NELSON DE SÁ
Lula não informou por
aqui, mas Hugo Chávez saiu
anunciando em seu programa
-e a Globo News reproduziu-
que o Brasil e a Venezuela vão
assinar ainda hoje "20 acordos
nas áreas de petróleo, de ciência
e tecnologia, infra-estrutura,
medicina e cultura".
O canal de notícias não mencionou, mas o presidente da Venezuela incluiu também, entre
as áreas com acordos a assinar,
segundo a agência France Presse, "apoio militar".
Afinal, completou o venezuelano em seu programa, é uma
"aliança estratégica".
Os dois são os maiores "ícones
da esquerda latino-americana",
dizia o "Financial Times" em
sua apresentação do encontro.
Mas eles também têm "grandes
diferenças de estilo".
É mais do que estilo. Lula, que
"mantém relações muito melhores com Washington", chegou ontem à Venezuela em
meio a ameaças militares de
Chávez aos EUA de George W.
Bush e vice-versa.
No título de sábado, de uma
longa reportagem do americano
"Miami Herald":
- Chávez se arma para resposta a ataque dos EUA.
Não se trata só de retórica. A
Venezuela estaria "mudando
sua doutrina militar para fazer
dos EUA o inimigo número 1"
-e supostamente recorre agora
às construções guerrilheiras do
chinês Mao Zedong e do vietnamita Ho Chi Minh.
De Cuba, num discurso de seis
horas, como se lia ontem no site
do "New York Times" e outros,
Fidel Castro acrescentou lenha,
dizendo que vai "responsabilizar os Estados Unidos se Chávez
for morto".
É o mesmo Chávez que, em
seu programa de rádio e TV,
saudou "o bom companheiro,
bom amigo e lutador que é o
presidente Lula".
O ANJO
Cid Moreira, na abertura do Fantástico:
- Crime! O assassinato da missionária no Pará vira
notícia internacional!
Nos jornais estrangeiros de ontem, foram pequenas
notas, quando muito, a partir de despachos de agências,
inclusive a católica Zenith. O "Washington Post" deu na
página 29 o registro de que uma "freira dos EUA" foi
morta na "floresta tropical amazônica".
O londrino "Observer", em sua nota, citou que ela
atuava com "camponeses sem-terra". No "New York Times", o registro de agência foi enxertado no fim de nova
reportagem de Larry Rohter -dizendo que, "para consternação dos ambientalistas", o Brasil liberou o corte de
árvores na Amazônia.
Equiparada a Chico Mendes pela ministra Marina Silva
e a apresentadora Glória Maria, tratada como Anjo da
Transamazônica em texto da agência AP em vários sites,
a missionária Dorothy Stang não recebeu, pelo menos
até ontem, uma cobertura de proporções comparáveis à
do seringueiro, no exterior.
Mas não demorou, no Brasil, para virar personagem de
disputas políticas anteriores à sua morte. O petista João
Paulo Cunha dizia à tarde no Globo Online que Lula tem
que "interromper as negociações" com os madeireiros
do Pará, afinal, "o crime é desagradável para o Brasil".
Dados como vilões, os fazendeiros paraenses reagiram
com pelo menos quatro notas de entidades diferentes,
segundo o site Consultor Jurídico, da federação de agricultura ao sindicato da indústria madeireira, todos contra "o ato de violência intolerável".
Já a organização ambiental Greenpeace, em seu site
mundial, deu em destaque:
- Freira é morta defendendo Amazônia. Governo do
Estado do Pará falhou em protegê-la.
De sua parte, a "irmã mais próxima" da religiosa disse
ao Fantástico, nos EUA, que "a maior homenagem que
as autoridades brasileiras podem prestar a Dorothy é
conduzir uma investigação séria sobre quem está por
trás do assassinato".
Ou, agora, dos dois assassinatos. No destaque da Folha
Online e do paraense "O Liberal":
- Polícia encontra outro corpo na região.
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