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PMDB não é indispensável, diz Berzoini
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PT, deputado
Ricardo Berzoini (SP), afirmou
ontem que a vitória do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro não depende de
uma aliança com o PMDB. "Temos um diálogo, um trabalho na
base do Congresso, mas não é um
partido que possa avocar para si o
[o papel de] fiel da balança", disse
Berzoini em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
A declaração do presidente do
PT foi uma resposta ao ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP). Na semana passada,
em entrevista ao blog do jornalista Ricardo Noblat, Dirceu afirmou que "a chave da sucessão"
está no apoio dos peemedebistas
a Lula. Apesar de não condicionar
a vitória de Lula ao apoio, o dirigente tenta convencer o PMDB a
fechar uma aliança com o PT.
Lula já chegou a oferecer a vaga
de vice em sua chapa a peemedebistas da ala governista. No momento, porém, até eles têm dado
declarações públicas de que não
vão abrir mão da cabeça de chapa.
Além dos peemedebistas, Berzoini tenta convencer os próprios
petistas, já que a base sempre foi
resistente à ampliação de alianças.
O "Roda Viva" foi gravado pela
manhã. À noite, na hora da exibição, Berzoini participou da festa
de 26 anos do PT.
O tempo do candidato
Um grupo de prefeitos petistas,
além do governador do Acre, Jorge Viana (PT), se reuniu ontem
com discursos divergentes sobre
dois temas que pautaram o jantar
comemorativo dos 26 anos do
partido: a melhor data para o
anúncio da candidatura à reeleição do presidente Lula e a escolha
dos aliados da chapa após o escândalo do "mensalão".
O pré-encontro dos petistas,
ocorrido na tarde de ontem, surgiu a partir de um convite de Berzoini. O objetivo do presidente do
PT era esboçar um discurso sobre
esses dois assuntos antes do jantar
comemorativo.
Os principais expoentes das divergências foram o prefeito de
Recife (PE), João Paulo, e Jorge
Viana, cotado para coordenar a
campanha de reeleição. Ao chegar, João Paulo afirmou que a antecipação do anúncio favoreceria
a costura de alianças mais sólidas
nos Estados. "O melhor para nós
pode não ser o melhor para o presidente", disse o prefeito.
Durante a plenária, prevaleceu
o discurso de Viana: "Só vamos
perder ao transformar o presidente Lula em candidato neste
momento. O que vamos ganhar
em transformar o presidente em
candidato? Porque na hora que isso acontecer, teremos um candidato, não mais um presidente".
O argumento de Viana, que tem
o apoio do Palácio do Planalto, é o
de que o partido deve aguardar a
definição do cenário que enfrentará com o anúncio dos adversários, especialmente por parte do
PSDB e do PMDB.
Do outro lado, uma ala de prefeitos e deputados defende que a
demora do anúncio de Lula gera
impaciência dos aliados e prejudica os acordos para formar chapas
nos Estados. Nos bastidores, Lula
afirma que oficializará sua candidatura até junho.
Outro ponto de polêmica é a
união com siglas desgastadas com
o escândalo do "mensalão", principalmente o PTB e o PP. Contra a
vontade de alguns prefeitos, Viana defendeu "uma aliança ampla"
e chegou a afirmar "que esses partidos são o que o Brasil tem". "Só
se governa com alianças, e a crise
deixou a lição de que é necessário
sermos mais amplos", disse. Depois, alfinetou o PT paulista: "Para os companheiros de São Paulo,
parece que ganhar o Brasil não é
importante, é mais importante
ganhar São Paulo".
Em discurso, Berzoini cobrou a
formação "do melhor time" e negou que o jantar ocorreria cercado por polêmica. "Conversamos,
mas não de maneira conclusiva.
Quem tem inteligência política
trabalha para reduzir o grau de
polêmica e construir consenso.
Essa é a minha tarefa, até mesmo
renunciando à opinião quando
necessário, porque precisamos
trabalhar para unir o Brasil em
torno da reeleição do presidente
Lula", disse.
(CONRADO CORSALETTE E SILVIO NAVARRO)
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