São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMDB não é indispensável, diz Berzoini

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou ontem que a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro não depende de uma aliança com o PMDB. "Temos um diálogo, um trabalho na base do Congresso, mas não é um partido que possa avocar para si o [o papel de] fiel da balança", disse Berzoini em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. A declaração do presidente do PT foi uma resposta ao ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP). Na semana passada, em entrevista ao blog do jornalista Ricardo Noblat, Dirceu afirmou que "a chave da sucessão" está no apoio dos peemedebistas a Lula. Apesar de não condicionar a vitória de Lula ao apoio, o dirigente tenta convencer o PMDB a fechar uma aliança com o PT. Lula já chegou a oferecer a vaga de vice em sua chapa a peemedebistas da ala governista. No momento, porém, até eles têm dado declarações públicas de que não vão abrir mão da cabeça de chapa. Além dos peemedebistas, Berzoini tenta convencer os próprios petistas, já que a base sempre foi resistente à ampliação de alianças. O "Roda Viva" foi gravado pela manhã. À noite, na hora da exibição, Berzoini participou da festa de 26 anos do PT.

O tempo do candidato
Um grupo de prefeitos petistas, além do governador do Acre, Jorge Viana (PT), se reuniu ontem com discursos divergentes sobre dois temas que pautaram o jantar comemorativo dos 26 anos do partido: a melhor data para o anúncio da candidatura à reeleição do presidente Lula e a escolha dos aliados da chapa após o escândalo do "mensalão".
O pré-encontro dos petistas, ocorrido na tarde de ontem, surgiu a partir de um convite de Berzoini. O objetivo do presidente do PT era esboçar um discurso sobre esses dois assuntos antes do jantar comemorativo.
Os principais expoentes das divergências foram o prefeito de Recife (PE), João Paulo, e Jorge Viana, cotado para coordenar a campanha de reeleição. Ao chegar, João Paulo afirmou que a antecipação do anúncio favoreceria a costura de alianças mais sólidas nos Estados. "O melhor para nós pode não ser o melhor para o presidente", disse o prefeito.
Durante a plenária, prevaleceu o discurso de Viana: "Só vamos perder ao transformar o presidente Lula em candidato neste momento. O que vamos ganhar em transformar o presidente em candidato? Porque na hora que isso acontecer, teremos um candidato, não mais um presidente".
O argumento de Viana, que tem o apoio do Palácio do Planalto, é o de que o partido deve aguardar a definição do cenário que enfrentará com o anúncio dos adversários, especialmente por parte do PSDB e do PMDB.
Do outro lado, uma ala de prefeitos e deputados defende que a demora do anúncio de Lula gera impaciência dos aliados e prejudica os acordos para formar chapas nos Estados. Nos bastidores, Lula afirma que oficializará sua candidatura até junho.
Outro ponto de polêmica é a união com siglas desgastadas com o escândalo do "mensalão", principalmente o PTB e o PP. Contra a vontade de alguns prefeitos, Viana defendeu "uma aliança ampla" e chegou a afirmar "que esses partidos são o que o Brasil tem". "Só se governa com alianças, e a crise deixou a lição de que é necessário sermos mais amplos", disse. Depois, alfinetou o PT paulista: "Para os companheiros de São Paulo, parece que ganhar o Brasil não é importante, é mais importante ganhar São Paulo".
Em discurso, Berzoini cobrou a formação "do melhor time" e negou que o jantar ocorreria cercado por polêmica. "Conversamos, mas não de maneira conclusiva. Quem tem inteligência política trabalha para reduzir o grau de polêmica e construir consenso. Essa é a minha tarefa, até mesmo renunciando à opinião quando necessário, porque precisamos trabalhar para unir o Brasil em torno da reeleição do presidente Lula", disse. (CONRADO CORSALETTE E SILVIO NAVARRO)


Texto Anterior: PSDB ironiza "festa da impunidade"
Próximo Texto: Prefeita relata uso eleitoral de programa social
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.