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PROTESTO
Membro da tribo suruí quer aprovação de estatuto indígena
Índio aponta flecha para rosto de ACM durante manifestação
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
O presidente do
Senado, Antonio
Carlos Magalhães
(PFL-BA), teve
ontem uma flecha
apontada para
seu rosto por um índio que participava da marcha contra as comemorações dos 500 anos do
descobrimento do Brasil.
O índio Henrique Iabaday
conseguiu furar a segurança e,
empunhando uma flecha a poucos centímetros de ACM, exigiu
dele a imediata aprovação do
Estatuto das Sociedades Indígenas, que tramita há nove anos
no Congresso.
O fato, ocorrido ontem no auditório Nereu Ramos, na Câmara, representou o momento
mais tenso da marcha.
Antes de chegar ao Congresso,
cerca de 500 integrantes da marcha já haviam atirado flechas no
relógio da Rede Globo comemorativo aos 500 anos do Brasil.
No auditório, ACM foi surpreendido pela chegada do índio quando estava sentado à
mesa e aguardava a vez de discursar para os líderes indígenas.
Henrique Iabaday, da tribo
dos suruí, de Rondônia, balançava a flecha na direção de ACM
enquanto falava. Depois de alguns segundos de indecisão, o
senador levantou-se com o dedo em riste.
"Eu vou falar e exijo respeito",
afirmou, enquanto seguranças
afastavam Iabaday do local.
Pouco antes, ACM havia sido
acusado pelo cacique Nailton
Pataxó de ter distribuído títulos
para fazendeiros em terras indígenas na época em que foi governador da Bahia.
"Quero pedir ao presidente do
Senado que corrija o erro cometido por ele de doar terras dentro da área pataxó. Errar é humano. Corrija o erro e anule os
títulos", disse o cacique, discursando da tribuna.
Nailton Pataxó exigiu ainda a
interferência de ACM para acabar com o "cordão de isolamento" da Polícia Militar baiana na
região de Porto Seguro, que impede a entrada de manifestantes
contrários às comemorações
oficiais dos 500 anos do Brasil.
Em resposta, ACM disse que
"gestos impulsivos" não resolveriam os problemas. Ele se colocou à disposição para dialogar, inclusive com o governador
da Bahia, César Borges (PFL).
"Vim com o espírito aberto
para dialogar e para dizer que
não pode haver comemoração
dos 500 anos sem a presença dos
senhores, mas a presença dos
senhores também não pode impedir a comemoração."
Ao concluir, pediu uma demonstração de confiança:
"Confiem no senador. Mais do
que isso, confiem no Senado".
Ele não quis comentar a acusação de que teria distribuído títulos de propriedade em áreas
indígenas. ACM foi convidado a
ir ao auditório pelos senadores
Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marina Silva (PT-AC).
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